Os agricultores portugueses precisam de apoio público urgente para aumentar o uso de ferramentas digitais e enfrentar as crescentes pressões ambientais e económicas. A conclusão faz parte de um estudo independente “Agricultores e Digitalização”, encomendado pelo Grupo Vodafone à Savanta ComRes.
Mais de 600 agricultores de 13 países europeus e africanos, incluindo Portugal, foram questionados sobre as suas atitudes face à digitalização das suas explorações, os desafios ambientais que enfrentam e as pressões geopolíticas e sociais que afetam as cadeias de fornecimento e os custos crescentes de equipamentos e materiais.
As alterações climáticas estão no topo da lista de ameaças identificadas: “todos os agricultores inquiridos em Portugal consideram que influenciam, de alguma forma, a viabilidade financeira dos seus negócios”, demonstra o estudo. Os custos de combustível e energia – impactados pela guerra na Ucrânia -, os baixos preços de venda de colheitas e gado e a falta de apoio do setor público são outros desafios identificados nesta análise, partilhada, num comunicado, pelo Grupo Vodafone.
Abordagem digital para construir explorações mais resilientes e sustentáveis
O inquérito revela que “82% dos agricultores portugueses veem as tecnologias digitais a contribuir para o sucesso da agricultura no futuro”, numa altura em que o setor já recorre a ferramentas desta natureza para “reduzir o uso de fertilizantes e de água, e para melhorar o solo”. Espera-se que o uso da agricultura digital aumente à medida que surjam resultados: “quase todos os agricultores portugueses (94%) planeiam investir mais em ferramentas digitais nos próximos 12 meses”.
Funcionalidades inteligentes como drones, rastreamento de viaturas e veículos autónomos, além da inteligência artificial, blockchain e apps para smartphones, podem ajudar os profissionais do setor agrícola a monitorizar as condições climáticas e do solo, além dos custos e dos preços de mercado. Soluções inteligentes de irrigação e alimentação de culturas também ajudam a aumentar a eficiência, de acordo com a análise.
Barreiras à adoção digital
No entanto, há barreiras claras à adoção generalizada e contínua de ferramentas de agricultura digital. De acordo com o estudo, “84% dos agricultores inquiridos em Portugal querem mais apoio governamental para ajudar a resolver questões como o custo dos dispositivos e de outro hardware, barreira específica identificada por um terço dos inquiridos”.
E não se trata só de apoio financeiro: “46% dos agricultores portugueses querem formação para uso de soluções digitais, enquanto 42% consideram que melhorar a conectividade de internet móvel poderia ser um incentivo governamental para usar mais ferramentas digitais nas explorações agrícolas”.
“Ao trabalhar nos últimos oito anos com agricultores de toda a Europa e África percebemos a dura realidade dos desafios revelados no inquérito e a forma como ameaçam não só o futuro das suas explorações, mas de toda a atividade”, refere Vinod Kumar, CEO da Vodafone Business, considerando que, “embora seja positivo ver que esta comunidade já utiliza soluções digitais, é preciso fazer mais para garantir que adota totalmente a agricultura de precisão”. Ao ajudar estes profissionais a digitalizar suas operações, “contribuímos para reduzir as barreiras que impedem uma mais rápida implantação da conectividade, o que, por sua vez, ajuda a aliviar os custos e aumentar os rendimentos dos agricultores, garantindo um futuro mais forte e sustentável para este setor”, afirma.