Um estudo internacional conduzido por investigadores da Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), em parceria com a Universidade Federal de Goiás, Brasil, revelou que mais de 74% das culturas polinizadas por animais dependem fortemente dos polinizadores, contribuindo com mais de 40% da sua produção agrícola. A investigação revela ainda que as metodologias atuais de determinação da dependência dos polinizadores tendem a subestimar a sua importância na produção agrícola.
O objetivo principal desta investigação foi “atualizar e avaliar os valores de dependência dos polinizadores em culturas agrícolas a nível global”, revela Catarina Siopa, primeira autora do estudo. Estes valores são “cruciais para compreender e quantificar a contribuição dos polinizadores na produção agrícola e são utilizados para orientar políticas e práticas de gestão visando uma produção sustentável de alimentos”, assegura a investigadora.
No entanto, de acordo com este estudo, as compilações destes valores ao nível global encontram-se desatualizadas e não contemplam a variabilidade entre culturas relacionadas, nem a limitação de pólen, isto é, a produção que se perde devido à baixa quantidade e/ou qualidade de pólen depositado pelos polinizadores.
A investigação baseou-se numa análise de dados publicados em 2023, resultantes de uma revisão sistemática da literatura conduzida por Catarina Siopa, que compilou estudos sobre experiências de polinização. Este estudo, inclui também uma lista de 141 culturas agrícolas e os seus valores de dependência, considerando pela primeira vez a variedade agrícola.
A autora sublinha ainda que estes resultados “constituem uma ferramenta importante para produtores e agricultores na tomada de decisões, uma vez que podem definir as culturas e, dentro destas, as variedades a plantar conforme as necessidades de polinização e as características do local”.
O artigo destaca também a importância de considerar a limitação de pólen ao avaliar a dependência dos polinizadores das culturas. “As metodologias tradicionais podem levar a uma subestimação significativa, o que pode ter implicações sérias para as políticas de gestão agrícola e conservação dos polinizadores”, elucida também a investigadora.