Estudo europeu identifica a presença no corpo humano de 18 a 23 substâncias químicas perigosas
Esta quinta-feira são divulgados os resultados de um estudo realizado em cinco países, entre eles Portugal, para avaliar a presença no corpo humano, de substâncias químicas potencialmente perigosas, em resultado da utilização quotidiana de embalagens, em particular as embalagens alimentares, pode ler-se no comunicado da ZERO.
Os resultados são claros: “das 28 substâncias químicas analisadas, em cada uma das amostras foram encontradas entre 18 e 23 substâncias”, alerta no mesmo comunicado a ZERO. A variação entre países não foi muito significativa, o que indica que o “contacto quotidiano com estas substâncias acontece um pouco por toda a Europa”, sendo “transversal à geografia, profissão, idade, entre outras variáveis”.
Para a pesquisa foram usadas amostras de urina para avaliar a presença de alguns dos químicos que podem ser encontrados em embalagens alimentares descartáveis, em particular as de plástico – ftalatos (17) e fenóis (11) – que têm sido associados por cientistas a doenças como o cancro ou às doenças cardiovasculares, bem como a impactos negativos nos sistemas reprodutivo e imunitário.
Segundo a ZERO, estas substâncias são muitas vezes adicionadas a embalagens de plástico como aditivos para lhe dar determinadas características: maior estabilidade à luz ou ao calor, maior flexibilidade ou diferentes cores.
Este projeto resultou de uma parceria no seio da rede da Zero Waste Europe que envolveu cinco dos seus membros e incluiu participantes da Bélgica, Bulgária, Letónia, Portugal, Eslovénia e Espanha. Os 52 participantes incluíram decisores políticos, artistas, investigadores, ativistas, atores e jornalistas.
Para Susana Fonseca, da direção da ZERO, “estes resultados são mais uma prova de como as embalagens e os produtos que consumimos e usamos quotidianamente, introduzem substâncias químicas estranhas ao nosso corpo, que a ciência tem vindo a demonstrar serem potenciais riscos para a nossa saúde e para o ambiente. É urgente reduzir o uso de opções descartáveis e apostar em materiais seguros e circulares”.
Objetivos do projeto
Com este projeto as ONG envolvidas pretendem chamar a atenção para os potenciais problemas para a saúde humana decorrentes do atual modelo de produção e consumo, apelando a que:
- Os decisores políticos deem prioridade ao tema dos impactos na saúde das embalagens de plástico e que avancem rapidamente para uma significativa reformulação da legislação aplicável aos materiais para contacto com os alimentos.
- Os retalhistas e as marcas mudem para alternativas mais seguras e reutilizáveis, reduzindo o uso do descartável.
- Os consumidores façam escolhas mais saudáveis e exijam a disponibilização de alternativas mais seguras às marcas e aos retalhistas, enquanto aguardamos por nova legislação.