Estudo estima que estradas europeias ameaçam milhões de aves e mamíferos
Cerca de 194 milhões de aves e 29 milhões de mamíferos podem ser atropelados por ano nas estradas europeias, de acordo com a estimativa de uma equipa internacional de investigadores liderada por Clara Grilo, do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM), polo da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Este laboratório associado tem sede na Universidade de Aveiro. Os resultados estão publicados na revista científica Frontiers in Ecology and Environment.
Em comunicado, Clara Grilo, explica que “queríamos conhecer as espécies mais afetadas pelas estradas na Europa e mapear as áreas onde as estradas podem ser uma ameaça para as aves e mamiferos na Europa. Fizemos uma compilação dos estudos com registos de atropelamentos na Europa e desenvolvemos modelos para estimar o número de atropelamentos de espécies não estudadas e identificar quais as espécies vulneráveis à extinção local devido às estradas”.
As taxas de atropelamento variam entre as diferentes espécies: “As aves e os mamíferos com menor tamanho corporal e com características que os tornam mais abundantes apresentam maior número de registos de atropelamento. Por exemplo, os melros e os ouriços apresentaram taxas de atropelamento particularmente elevadas”, destaca a coautora Manuela González-Suárez, professora na Universidade de Reading, Reino Unido.
A equipa verificou ainda que as espécies podem ser particularmente vulneráveis à extinção local, mesmo com poucos atropelamentos, se estes ocorrerem em baixas densidades tais como as águias e morcegos. “Isto significa que as estradas com o maior número de atropelamentos para aves e mamíferos não coincidem espacialmente com as regiões com o maior número de espécies potencialmente vulneráveis à extinção local devido às estradas”, refere Clara Grilo.
Por isso, a coordenadora do estudo destaca a necessidade de ir mais além: “Do ponto de vista da conservação, precisamos de ir para além da quantificação do número de atropelamentos, e desenvolver modelos populacionais para identificar quais as espécies que podem estar em perigo de extinção devido à perda de indivíduos, o que permite assinalar com maior eficácia os segmentos de estradas que devem ser sujeitos a medidas de mitigação”.