De acordo com a Lusa, o estudo, centrado numa reavaliação da eficácia da rede de AMP da Finlândia, mas com resultados considerados extrapoláveis para uma escala global, conclui que a maioria das áreas marinhas protegidas é definida com informação insuficiente sobre biodiversidade e relevância ecológica dos habitats subaquáticos que abrangem e defende que um aumento de apenas 1% na inclusão de áreas ecológica e funcionalmente relevantes na definição de AMP poderá duplicar o efeito de proteção e conservação das espécies mais ameaçadas.
Publicado no portal científico Frontiers in Marine Science, o estudo salienta que os critérios de definição de AMP – que na União Europeia obedecem à Diretiva Habitats – assentam em listas de habitats e espécies cuja conservação é considerada importante, mas têm em pouca consideração a identificação de zonas de concentração de biodiversidade, cuja proteção é essencial, mas que muitas vezes ficam fora dos critérios estabelecidos para a criação de AMP.
Investigadores do Instituto Ambiental da Finlândia analisaram dados recolhidos em 140.000 amostragens, incidindo na distribuição de espécies em vários habitats e em indicadores de pressão da atividade humana sobre os ecossistemas marinhos.
Os dados foram analisados através de modelos de distribuição ecológica que foram depois aplicados à técnica de definição espacial de áreas prioritárias designada ‘zonamento’, que hierarquiza as áreas estudadas em termos de relevância ecológica e pode ser usada como ferramenta para identificar áreas de elevado valor para a conservação de espécies e da biodiversidade.
“Isto significa, mais do que nunca, que áreas protegidas são cruciais para a sustentabilidade dos ecossistemas marinhos”, afirma, citada pelo Frontiers in Marine Science, Elina Virtanen, principal autora do estudo.
O estudo defende que a metodologia utilizada na avaliação da situação finlandesa pode ser usada como ferramenta de definição de AMP com base em critérios de biodiversidade e relevância ecológica, e não apenas com base em critérios direcionados para a proteção de espécies específicas.
De acordo com os dados divulgados hoje, apesar de cobrirem 10% das águas da Finlândia, as MPA do país protegem apenas cerca de 27% das zonas de concentração de biodiversidade.
“Concluímos que um aumento das áreas protegidas de 10% para 11% para incluir as zonas de maior biodiversidade significa uma duplicação dos efeitos de proteção das espécies ecologicamente mais importantes”, afirma Elina Virtanen.
O estudo conclui ainda que, desde que seja recolhido um volume suficiente de dados, a abordagem testada na investigação agora divulgada pode ser usada como método global para “afinar” a delimitação de AMP, ao mostrar que pequenas mudanças quando aplicadas nos locais certos podem ter efeitos de grande escala na eficiência das áreas protegidas e ser uma orientação importante para a utilização sustentável dos recursos marinhos.
“Há uma necessidade clara de reavaliar as delimitações das atuais AMP, para garantir que essas áreas concentram esforços de conservação nas áreas maior valor ecológico. Uma aposta no critério da eficiência ecológica é essencial na delimitação e expansão de MPA”, conclui a principal autora do estudo.
As Nações Unidas estabeleceram como objetivo global – através do Plano Estratégico para a Biodiversidade e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – a designação até 2020 de 10% da área total dos oceanos como MPA.