Estuário do Tejo a caminho da despoluição total
No dia 20 de fevereiro, realizou-se a sessão pública de divulgação da ligação em alta dos efluentes do Parque Empresarial da Baía do Tejo à ETAR Barreiro/Moita da SIMARSUL, com vista ao tratamento dos efluentes industriais, dos 250 clientes do Parque e efluentes urbanos da zona do Alto do Seixalinho, no total de 3% de alojamentos. Uma ligação finalmente concluída que vem contribuir para a preservação do Tejo, o maior estuário da Europa Ocidental, que constitui a maior zona húmida do país e uma das mais importantes da Europa.
Para assinalar a relevância desta ligação, e “desta data histórica”, nas palavras dos intervenientes, estiveram presentes na sessão o ministro do Ambiente e da Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes, a secretária de Estado do Ambiente, Inês dos Santos Costa, e os presidentes da Câmara Municipal do Barreiro (CMB), Frederico Rosa, da SIMARSUL, António Ventura, e da Baía do Tejo, Jacinto Pereira.
Esta ligação, cujo investimento ascendeu a 1,4 milhões de euros, a cargo da Baía do Tejo, foi possível através de “um processo de colaboração e junção de vontades entre CMB, Baía do Tejo e SIMARSUL”, que veio colocar um ponto final na “ligação histórica que sempre existiu entre o Barreiro, cidade ribeirinha e um rio poluído”, segundo frisou Frederico Rosa, presidente da CMB. A concretização desta obra permite a entrega de efluentes urbanos gerados na zona residencial do Alto do Seixalinho. Cerca de 3,4% de alojamentos sem tratamento e cujos efluentes são agora encaminhados
para a ETAR.
“No total, com a entrega destes efluentes urbanos, que correspondiam à maior parcela que o Município ainda tinha pendente e as obras levadas a cabo pela Autarquia, financiadas quer por verba municipal quer pelo POSEUR – Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso dos Recursos, o Concelho do Barreiro, tem atualmente, menos de 1% de alojamentos sem rede de saneamento”, de acordo com o autarca. Uma percentagem conseguida graças às intervenções concluídas em áreas urbanas de génese ilegal (AUGI), e noutras pequenas zonas urbanas do Concelho.
“Temos prevista, este ano, a intervenção em mais de 3 km de coletores de saneamento doméstico e em mais de 2 km de rede pluvial. Grande parte destes investimentos com recurso aos próprios serviços da
Autarquia”, acrescentou. “No conjunto estas intervenções são resultantes de uma cidade ribeirinha que quer ter na sua relação com o rio o seu ponto de referência e com isto contribuir de forma decisiva para a exploração do mesmo. Estamos todos de parabéns, administração central, SIMARSUL, Baía do Tejo, Autarquia e todos os representantes e técnicos de empresas que intervém nesta área, que por ser efetuada no subsolo, faz com que não seja percetível, embora seja critica para a despoluição do Tejo”, acrescentou.
Para o ministro do Ambiente e Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes, “esta obra foi importante porque era a última ligação que faltava fazer em todo o estuário do Tejo para se poder dizer que já não há virtualmente esgoto a correr para o rio. É uma obra aparentemente simples, enquanto obra, mas muito significativa porque há muitas décadas que era ansiada. Com esta ligação todo o efluente industrial e algum urbano passa a ser tratado”, disse.
A qualidade do estuário do Tejo foi elogiada pelo ministro que lembrou que “hoje já se pesca corvina, coisa impensável há 5 anos atrás. O Tejo tem hoje uma excelente qualidade de água que permite e vai permitir que novos usos venham a poder concretizar-se. As praias fluviais do Barreiro que estiveram interditadas começam agora a ficar em condições de puderem ser reabertas para usufruto balnear”, sublinhou.
A receber os efluentes da Baía Tejo – Barreiro, desde outubro de 2019, a ETAR Barreiro/Moita já permitiu reter na ETAR 15,4 toneladas de matéria orgânica, em três meses. Anualmente, a ETAR Barreiro/Moita receberá um total estimado de cerca de 450 mil m3 de águas residuais provenientes deste parque empresarial.