A Câmara Municipal de Esposende apresentou esta quinta-feira, 4 de fevereiro, o estudo de caracterização de riscos e programa de intervenção para a proteção da restinga de Ofir e barra do Cávado, realizado pelo Instituto de Hidráulica e Recursos Hídricos (IHRH), da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), com a colaboração da Universidade do Minho.
Nesta fase, segundo uma nota divulgada pelo município, pretende-se “colher contributos que permitam avançar para a elaboração do projeto, articulado com os planos em vigor e para ser submetido a financiamento de fundos comunitários, ao abrigo dos programas para a prevenção e gestão de riscos”.
O esboço apresentado pelo professor Taveira Pinto, da FEUP e desenvolvido por uma equipa alargada resulta de uma aprofundada investigação que envolveu trabalho de campo e experiências em laboratório, com recurso ao modelo numérico avançado que avaliou o modelo existente e as vantagens do projeto proposto. Assim, para alcançar os objetivos de reconstrução da restinga e reduzir o esforço de drenagem que afeta o canal de navegação do rio Cávado, foi sugerida a construção de um dique longitudinal, na margem esquerda do rio, paralelo à restinga que permite a fixação dos sedimentos na restinga. Do lado do mar, a proposta avança com a construção de dois quebra-mar que facilitarão a acumulação de areia e a renaturalização da restinga. Quer o dique, quer os quebra-mar propostos são estruturas de baixa cota.
“Se o leito do rio não for consolidado por diques nas duas margens, dificilmente resistirá à erosão. São estruturas de baixa densidade que, na preia-mar estarão submersos e permitem que os sedimentos em trânsito se fixem na própria restinga”, adiantou Taveira Pinto que apresentou diversos exemplos de soluções avançadas em vários pontos do Globo.
O estudo apresentado em Esposende arrancou em junho de 2020 e está agora na fase de recolha de contributos.
Para o presidente da Câmara Municipal de Esposende, este é um problema que as autoridades não podem continuar a ignorar, sob pena de serem responsabilizados pelas tragédias que possam ocorrer: “O problema da barra sempre afetou as gentes de Esposende, mas tarda em encontrar-se uma solução. Temos, em suma, três problemas latentes, a questão da segurança, para pescadores e para a própria cidade que está exposta ao mar; o entrave ao desenvolvimento económico, com as docas de pesca e de recreio inviabilizadas; e um problema ambiental, porque não se permite realizar certas obras, por causa da defesa dos habitats e estamos a assistir à destruição dos habitats de toda a zona envolvente à restinga e nada se faz”.
O autarca entende que a solução não pode continuar adiada, lembrando os diversos contactos estabelecidos com as mais diversas entidades, nomeadamente com o Ministério do Ambiente: “Mas Esposende é um concelho pequeno e faz com que não tenhamos poder reivindicativo”,.
Presente na sessão, Pimenta Machado, vice-presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, manifestou disponibilidade em analisar o projeto e equacionar a sua inclusão no próximo Quadro Comunitário de Apoio que está em elaboração.