Espanha desvia água do rio Tejo que está ameaçado pela seca
Espanha está a encaminhar a água das nascentes do Tejo para o Mediterrâneo, apesar das albufeiras de Entrepeñas, em Guadalajara, e de Buendia, em Cuenca possuírem apenas 393 hectómetros cúbicos, ou seja, 16% da sua capacidade máxima, avança o Correio da Manhã. O jornal espanhol El Mundo descreve a nascente do rio que desagua em Portugal como um pântano de lodo, onde, em algumas zonas, não se vislumbra fauna, o que se deva à seca e aos transvases.
Segundo o Jornal de Notícias, a escassez da água está a afectar algumas populações vizinhas dos lagos do Tejo. Em torno da nascente, há cerca de 20 concelhos e a seca põe em causa o abastecimento público às habitações. É o caso de Chillarón del Rey, uma localidade onde residem cerca de 110 habitantes. Há um mês que o abastecimento público de água é garantido por camiões-cisterna. A presidente da autarquia local, Julián Palomar, garante que os camiões-cisterna deslocam-se àquela localidade duas vezes por semana. Mas, em caso de incêndio na região, a prioridade será o combate às chamas e não o abastecimento de água.
As populações da região em torno da nascente do Tejo consideram-se “maltratadas” pela política hidrológica do último meio século e pedem obras que garantam o abastecimento público dos habitantes que ainda resistem e uma mudança de atitude do Governo espanhol. O caudal ecológico do rio, reclamam na reportagem do El Mundo, “tem de ser respeitado”.
Por agora, de acordo com Paulo Constantino do Movimento ProTejo, citado pelo Correio da Manhã,”a redução do caudal na parte espanhola não afecta Portugal mas, se a seca se prolongar, os efeitos poderão ser diferentes”. O porta-voz acrescentou que “também as barragens do Zêzere estão a reter água com a consequente redução do caudal do Tejo”. O movimento apelas às populações para uma atenção redobrada perante focos de poluição. Recorde-se que de acordo com o último Boletim Climatológico Mensal do Instituto Português do Mar e da Atmosfera, 79% do território continental português estava, em Julho, em situação de seca severa a extrema.