Os atuais 1833 hectares (ha) da cultura de abacates no Algarve vão gerar 40 milhões de euros anuais para a região de VAB (Valor Acrescentado Bruto). Atualmente, mesmo sem todos os pomares estarem no chamado ano cruzeiro de produtividade, essa contribuição é já de 20 milhões de euros para a economia anual da região. Esta é uma das conclusões do estudo “A Importância da Cultura do Abacate na Região do Algarve”, realizado pela Agro.Ges, uma consultora especializada em estudos Agrícolas.
Num dos temas mais relevantes no debate sobre a cultura dos abacates no Algarve – o da água – o estudo indica que “a água utilizada por esta cultura é, em média, 6500 m3/ha por ano, o que é semelhante à média das culturas dominantes, nalguns casos ainda menos”, lê-se num comunicado divulgado pela AlgFutur, promotora do estudo.
Outro dado importante do estudo realizado pela Agro.Ges é que os 1833 ha de abacateiros do Algarve representam 1,8% da superfície agrícola utilizada da região e 3,2% da área de culturas permanentes do Algarve: “Números que mostram bem que se há um problema de escassez de água no Algarve, dificilmente esse problema pode ter origem na cultura dos abacates”, indica o mesmo comunicado.
O estudo da Agro.Ges recomenda que o abacate seja uma “opção estratégica” e uma “opção importante do desenvolvimento agrícola da Região do Algarve”, incluindo os seus “produtores nos processos de decisão, planeamento e abordagem às soluções para os problemas que o futuro possa guardar”.
De acordo com o mesmo comunicado, o “respeito pelos recursos naturais”, através do “melhor conhecimento das questões relacionadas com o solo, a água, a biodiversidade e o balanço do carbono”, assim como a “garantia do cumprimento de toda a legislação”, permitirão o “desenvolvimento sustentável da região, devendo o abacate ser parte desta importante equação”.
Na abertura da sessão o presidente da Câmara Municipal de Faro, Rogério Bacalhau, sublinhou que “o abacate é uma cultura geradora de valor económico capaz de rentabilizar pequenos espaços”.
Por seu turno, José Vitorino, presidente da AlgFuturo, constatou que “o estudo dissipa todas as dúvidas sobre a importância do abacate na diversificação da agricultura algarvia e que quaisquer campanhas contra têm “perna curta” porque não se inventariou nada de negativo”.
A sessão de apresentação contou também com Amílcar Duarte, da Universidade do Algarve: “A produção de abacate não é nem uma monocultura nem é uma cultura intensiva”.
Também, o diretor Regional de Agricultura e Pescas do Algarve, Pedro Valadas Monteiro, subscreveu que “a cultura do abacate apresenta-se como o novo paradigma do que deve ser o futuro da agricultura na região, ou seja, com forte incorporação tecnológica, com alto valor acrescentado e com as mais eficientes técnicas de gestão de recursos, nomeadamente a água”.
O estudo foi coordenado por uma das maiores sumidades da agricultura portuguesa, o professor Doutor Francisco Avilez que salientou “o enorme desafio que constitui hoje a agricultura no mundo perante o aumento populacional e a necessidade de garantir a respetiva alimentação, equilíbrio entre métodos e medidas sustentáveis e essas necessidades”.
O estudo foi apresentando esta quarta-feira na Biblioteca Municipal de Faro.