A Escola Superior Agrária – Instituto Politécnico de Coimbra (ESAC-IPC) e seu Polo do Centro de Ecologia Funcional, estão a desenvolver um projeto de investigação que visa “contribuir ativamente para o aumento do conhecimento da distribuição e estado de conservação das plantas aquáticas raras e ameaçadas” no Baixo Mondego e do Sítio Natura 2000 Dunas de Mira, Gândara e Gafanhas. Com financiamento do Fundo Ambiental, o “Charcas de Noé” surgiu porque Portugal tem “sofrido uma grande perda de espécies e das suas áreas de distribuição (Projeto da Lista Vermelha das Plantas Vasculares de Portugal Continental)”, refere a ESAC-IPS em comunicado. Um dos grupos mais afetados foram as “plantas aquáticas” e algumas das áreas que mais impacte sofreram foram o “Baixo Mondego, o Baixo Vouga e região da Gândara, que os liga”, encontrando-se como “principais ameaças” a destruição dos habitats, a agricultura (intensificação, alteração de práticas e uso de herbicidas), e a introdução de espécies exóticas e invasoras, introduzidas principalmente pelo seu uso ornamental (no caso das plantas) ou pela sua importância para a pesca.
“Charcas de Noé” – Objetivos:
- Melhorar o estado de conservação do património natural:
a) Melhoria do conhecimento da distribuição e estado de conservação das plantas aquáticas raras e ameaçadas na região do Baixo Mondego e da Gândara;
b) Conservar a biodiversidade dulçaquícola e prevenir a extinção regional de espécies aquáticas (ODS15). - Promover o reconhecimento do valor do património natural:
a) Promover a conservação das zonas húmidas, e divulgação da sua importância.
b) Promover a manutenção da vegetação aquática e divulgação do seu papel na manutenção e recuperação da qualidade da água (ODS6). Restauro de ecossistemas aquáticos e criação de bons exemplos com elevada visibilidade que tornem o público mais exigente quanto à qualidade ecológica de massas de água ornamentais. - Fomentar a apropriação dos valores naturais e da biodiversidade pela sociedade:
a) Promover o uso de plantas ornamentais (nativas ODS12), reduzindo as Importações (ODS8) e contribuindo para a conservação da biodiversidade urbana (ODS 11) e do melhoramento da qualidade de vida e aumento da resiliência dos ecossistemas urbanos perante alterações climáticas.
b) Divulgação científica e promoção da a utilização de espaços verdes urbanos para a educação ambiental (ODS 4) e formação de professores.
No sentido de alcançar aqueles que são os objetivos do “Charcas de Noé”, a equipa de investigação irá apostar na busca dirigida e mapeamento participativo, em ações de conservação (in-situ) em locais-chave para a preservação das populações existentes de plantas raras e ameaçadas e na otimização do cultivo de espécies aquáticas nativas com valor ornamental e sua conservação ex-situ. A ideia é multiplicar e depois disponibilizar espécies aquáticas autóctones aos Municípios do Baixo Mondego e limítrofes, tanto para substituição de plantas exóticas nos lagos, tanques e charcos ornamentais municipais, reduzindo assim o risco de introdução de espécies exóticas invasoras, como para (re)colonização de potenciais áreas naturais onde tal seja viável, evitando a extinção local e regional de plantas aquáticas com interesse ornamental.
O projeto tem um financiamento de aproximadamente 52 mil euros e o seu período de execução termina a dezembro de 2020, contemplando ainda uma vertente de comunicação e divulgação científica através de painéis interpretativos, bem como de atividades e materiais informativos. A equipa de investigação é constituída pelos docentes da ESAC, Hélia Marchante (coordenadora) e Vitor Carvalho, Jael Palhas (consultor), Francisco Estrompa, funcionário do Herbário e Sílvia Martins, aluna finalista da Licenciatura em Agricultura Biológica desta Escola.