A Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) identificou margens de comercialização elevadas no gás engarrafado, entre outros problemas estruturais, como o alinhamento de preços entre os principais “players“, tendo enviado já estes alertas para a Autoridade da Concorrência. Segundo o jornal de Negócios, a informação foi revelada na segunda-feira no relatório de análise do mercado de Gases de Petróleo Liquefeito (GPL) embalado entre 2019-2020 publicado pela entidade liderada por Cristina Portugal.
Segundo a análise realizada pelo regulador, o preço de venda do gás de garrafa tem-se mantido estável nos últimos anos e pouco reativo nos a alterações do preço “commodity” nos mercados internacionais. “Tal facto é possível num contexto de margens elevadas que, em cenários de cotações internacionais em alta, permitem acomodar tais variações e, em cenários de cotações em baixa, as margens de comercialização internalizam os ganhos”, conclui a ERSE.
De acordo com o Negócios, as margens elevadas apontadas pelo regulador foram observadas em todo o período de análise, mas atingiram “valores particularmente elevados” este ano, durante o estado de emergência no âmbito da pandemia de Covid-19. Neste período, as margens atingiram cerca de 84%, 83% e 81% do preço de venda antes de impostos, nas garrafas propano de 11 Kg, de butano de 13 Kg e de propano de 45 Kg, respetivamente. E isto em contraciclo com a evolução do preço do petróleo nos mercados internacionais que durante esse período registaram fortes quedas. Segundo o mesmo jornal, esta situação levou mesmo o Governo a intervir, tendo aprovado em abril um regime excecional temporário para a fixação de preços máximos na venda de garrafas de gás, utilizados por dois terços dos agregados familiares. Aliás, segundo o mesmo relatório da ERSE, foi “apenas com a fixação administrativa de preços máximos de venda”, durante o período do estado de emergência, que se “verificou uma queda das margens médias de comercialização para valores em linha com a média verificada em 2018 e 2019”.
No que toca à análise ao comportamento individualizado dos operadores, a ERSE detetou também “algumas estratégias de ´pricing´, embora devam ser enquadradas nas especificidades das diversas tipologias de garrafas comercializadas”, pode ler-se no Negócios.
Segundo o mesmo jornal, a ERSE conclui ser frequente os três maiores operadores – Galp, Rubis e Repsol – apresentarem “preços alinhados” para certas tipologias de garrafas, traduzindo-se nas ofertas dos preços de venda (PVP) mais elevados”.