A ERP Portugal, a Novo Verde e a LG Portugal juntaram-se na edição do Waste Summit para falar sobre a gestão dos REEE (Resíduos de Equipamentos Elétricos e Eletrónicos) e das pilhas e embalagens, lançando o alerta para a necessidade de sensibilizar os consumidores para as suas práticas.
O evento que teve lugar em Lisboa, na passada terça-feira, 25 de janeiro, juntou Ricardo Neto, presidente da ERP Portugal e da Novo Verde, e Hugo Jorge, diretor de marketing da LG Portugal, numa troca de ideias com o especialista em sustentabilidade Jorge Cristino, João Wengorovius, secretário-geral da BCSD Portugal, e Bernardo Corrêa de Barros da Sailors for the Sea Portugal.
Numa altura em que a tendência da população é continuar a crescer, também o consumo de tecnologia é “exponencial” e Hugo Jorge da LG Portugal disse que não dá para fugir a esse aumento, mas dá para fazer uma gestão mais racional dos equipamentos e sensibilizar os consumidores para o uso sustentável dos mesmos. Também o especialista Jorge Cristino partilhou deste ponto: “a produção e o consumo de resíduos vão aumentar mesmo que se adotem modelos de negócio mais sustentáveis”, por isso as empresas, principalmente, têm de “tentar internalizar os benefícios da natureza e dos ecossistemas”.
No discurso de abertura, o presidente da ERP Portugal destacou o sucesso que a entidade gestora de resíduos tem tido com os dois centros de recolha, um no Norte e outro no Sul do país: “nunca, no âmbito dos nossos resíduos, tinha aparecido um único telemóvel. Desde fevereiro (de 2022) temos três toneladas de telemóveis nos centros de receção”, partilhou, “conseguimos 150 toneladas de outros equipamentos” e com isto “a entidade gestora consegue ter mais valor”, concluiu.
Em Portugal, em 2020, 59,2% da população não tinha o hábito de reciclar os equipamentos elétricos e eletrónicos (segundo um estudo da LG Portugal e da ERP Portugal). Desfaziam-se deles da forma errada ou deixavam ficar numa gaveta porque “podia ser útil mais tarde”. É de lembrar que estes resíduos são “um risco para a saúde pois contêm aditivos tóxicos ou substâncias perigosas, como o mercúrio, que podem danificar o cérebro e o sistema de coordenação”.
Com ações de sensibilização e a promoção da literacia ambiental, as entidades que participaram no Waste Summit continuam a insistir que não é suficiente: é “fundamental” uma intervenção pública, do Estado, e até local, das autarquias.
A ERP Portugal tem hoje uma rede de recolha de pilhas com 7500 pontos em todo o país, mas o presidente da própria sublinha que mesmo assim há falta de consciencialização aos consumidores.
João Wengorovius, secretário-geral da BCSD Portugal, apontou iniciativas com impacto positivo, como o Pacto de Mobilidade Empresarial, em parceria com a Câmara Municipal de Lisboa, onde 100 empresas signatárias comprometeram-se a colocar em prática duas de 24 medidas (frota de carros elétricos ou subsidiar o passe de trabalhadores para incentivar o transporte coletivo, por exemplo). Todavia, continua a achar insuficiente e diz que o “Estado tem de sair da teoria e partir para a ação” porque o tempo para cumprir os objetivos de 2030 e 2050 começa a encurtar.
A Sailors for the Sea Portugal evidenciou no evento a intervenção que tem feito junto dos mais novos, acreditando que estes são motores de incentivo para começar a alterar os hábitos, essencialmente o de saber onde depositar determinados resíduos.
Por fim, todos os participantes recordaram que as metas de 2022 não foram atingidas e que dificilmente se poderá alcançar as de 2025 ou 2030, previstas em protocolos como o Acordo de Paris ou o Pacto Ecológico Europeu. Trazer o consumidor para o papel ativo de reciclagem dos REEE e de pilhas e embalagens pode ser mais um passo no sentido certo, o sustentável.
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