Uma equipa da Associação Portuguesa de Educação Ambiental (ASPEA), juntamente com 16 participantes de outras organizações parceiras de Portugal, Polónia, Itália e Espanha, participou no curso de formação do projeto europeu BioLifeCity, co-financiado pelo programa ERASMUS+ e organizado pela SUSTINEA, uma associação sem fins lucrativos, de Ourense, na Galiza e que, certamente, irá ajudar a implementar novos projetos e repensar um novo paradigma de cidade verde.
O projeto BioLifeCity surgiu para valorizar a biodiversidade urbana, tornando visível a dimensão ambiental e científica das cidades e integrando a conservação da biodiversidade na planeamento e gestão das áreas verdes urbanas.
Num contexto de crescente urbanização, torna-se cada vez mais relevante tratar as questões da sustentabilidade em meio urbano, sendo a conservação da biodiversidade, também neste domínio, uma dimensão inalienável deste desígnio. A ideia de base deste projeto é que, com a soma de pequenas iniciativas de natureza ambiental em áreas verdes urbanas de todos os parceiros do projeto, é possível trazer grandes benefícios para a biodiversidade das nossas cidades.
Como refere Joaquim Ramos Pinto, presidente da ASPEA, em prossecução da missão da ASPEA, três colaboradores da associação frequentaram este curso de formação de formadores, que teve como objetivos principais: promover a conservação da biodiversidade urbana nas cidades; promover o turismo científico e natural nas cidades, promovendo a biodiversidade como um recurso; unir iniciativas e aumentar as sinergias entre entidades com o mesmo objetivo; aumentar a consciência social sobre a conservação da biodiversidade e da natureza urbana através da projeção de campanhas de sensibilização e promover o estudo, uso e gestão sustentável da biodiversidade das cidades.
Durante o curso, foi utilizada a educação informal para trabalhar nos vários temas, com recurso a dinâmicas de trabalho de grupo e saídas ao ar livre. Entre as atividades desenvolvidas, esteve a construção de um charco para anfíbios numa horta urbana, uma visita de campo a três espaços verdes em Ourense seguida de propostas de ações a desenvolver para as valorizar e melhorar, e um colóquio sobre a espécie Apus apus (Andorinhão preto) que costuma habitar em cidades.
Exemplos de elementos favorecedores da diversidade biológica na cidade abordados foram, à pequena e localizada escala, a implementação de charcos e os hotéis para insetos e, a uma escala mais abrangente, a adequada implementação de parques urbanos e a conservação de espécies indicadoras da saúde dos ecossistemas humanizados, como o caso do andorinhão-preto.
Além dos conteúdos abordados no curso, também houve momentos de convívio e de lazer, como uma excursão às termas de Ourense e uma noite intercultural. Foi uma oportunidade para contactar com outras realidades, conhecer as várias organizações participantes, trocar experiências e aprender mais um pouco sobre a biodiversidade e as cidades, que embora pareçam conceitos incompatíveis, estão relacionados. A sua coexistência é fundamental para assegurar que não se perde o contacto com a natureza e para sensibilizar a população urbana para a conservação da biodiversidade.
Este curso revestiu-se de particular importância quanto à necessidade de fazer face à crescente e generalizada degradação da biodiversidade, na medida em que permitiu formar recursos humanos da ASPEA e das organizações parceiras, capacitando-os para a temática específica. É assim esperado que estes, por sua vez, nos seus respetivos meios, consigam levar a cabo um tão necessário trabalho de educação e formação a vários níveis, (que não apenas da juventude, mas também crianças e adultos) que conduza a uma mudança de paradigma em que a vivência urbana esteja cada vez mais em sintonia com os ciclos e elementos naturais.