Os dois binómios cinotécnicos especializados na deteção de venenos criados juntamente com o coordenador (com dois cães pastores Belga Mallinois e um cão pastor Alemão), em conjunto com militares do Serviço de Proteção da Natureza e Ambiente (SEPNA) irão intervir nas Zona de Proteção Especial (ZPE) do Douro Internacional e Vale do Rio Águeda, segundo informa a SPEA.
A criação de binómios detetores de venenos irá aumentar a capacidade de vigia e controlo da ameaça, onde o despiste de casos de envenenamento na natureza será efetuado por patrulhas cinotécnicas regulares nas áreas de intervenção do Projeto que terão um carácter, por um lado, preventivo, com o intuito de detetar situações de uso ilegal de venenos, nomeadamente a presença de iscos envenenados. Nestas situações, a utilização de cães permite fiscalizar áreas muito extensas e, por vezes, de difícil acesso; reativo, com o intuito de verificar situações com cadáveres ou animais selvagens ou domésticos, com indícios de envenenamento; ou criminal, facilitando a abertura de processos criminais com uma maior quantidade e qualidade de provas obtidas, num processo conduzido pelo mesmo órgão (deteção, recolha e processamento, investigação), aumentando a probabilidade de determinação e culpabilização dos responsáveis.
A este patrulhamento intensivo, concretamente direcionado à proteção da águia perdigueira e britango, está associado um efeito preventivo e dissuasor decorrente desta presença cinotécnica constante e regular no terreno.
A Guarda Nacional Republicana participa, até maio de 2019, no projeto Life Rupis: Conservação da águia perdigueira e britango, através do patrulhamento especialmente direcionado para a deteção de venenos com a criação de uma equipa cinotécnica de deteção de venenos, no Douro Internacional.
O projeto tem como objetivo implementar ações que visam reforçar as populações de águia-perdigueira e britango no Douro transfronteiriço, através da redução da mortalidade destas aves e do aumento do seu sucesso reprodutor. O britango é o abutre mais pequeno da Europa. Está classificado como “Em Perigo” no território Europeu, onde as suas populações registaram um decréscimo de 50% nos últimos 40 anos, e uma elevada perda de habitat. A água-perdigueira tem um estatuto de “Quase Ameaçada” na Europa, devido ao decréscimo populacional e à pressão sobre as suas populações.
Para além destas ações pioneiras de combate ao uso ilegal de venenos para estudo, serão corrigidas linhas elétricas com equipamentos anti-electrocussão de aves dos dois lados da fronteira e será elaborado um plano de ação transfronteiriço para a conservação do britango. Serão geridos mais de mil hectares de habitats importantes para as espécies alvo e uma rede de campos de alimentação de aves necrófagas, para minimizar o impacto da escassez de alimento. O resultado esperado do projeto será o aumento da taxa de reprodução e a diminuição da mortalidade não natural destas aves, nesta região justamente conhecida pela sua riqueza faunística e beleza natural.
Com início em julho de 2015, o LIFE Rupis é um dos mais recentes projetos financiados pela União Europeia a decorrer em território português e espanhol. Para além da componente de conservação da natureza, contém um grande investimento em atividades de promoção da região, dos seus valores naturais e do seu potencial para o turismo ornitológico. Coordenado pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), o projeto tem mais oito parceiros, a Associação Transumância e Natureza, a Palombar, o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, a Junta de Castilla y León, a Fundación Patrimonio Natural de Castilla y León, a Vulture Conservation Foundation, a EDP Distribuição e a Guarda Nacional Republicana.