Entrevista SUMA (I): “Estamos na fase da ação, de colocar em prática, de fazer acontecer”
A SUMA celebra este ano o seu 30º aniversário no setor da gestão e recolha de resíduos em Portugal, numa altura em que é totalmente integrada pela Mota-Engil. A Ambiente Magazine esteve à conversa com Manuel Costa, presidente da SUMA, que nos faz um balanço positivo destas três décadas. Leia aqui a primeira parte desta Grande Entrevista.
Que balanço é possível fazer dos 30 anos de atividade da SUMA na gestão de resíduos em Portugal?
Os 30 anos de atividade da SUMA são um marco e uma oportunidade para rever a intensa atividade desenvolvida e reconhecer momentos, pessoas e resultados. Passámos pela experiência de fusões e aquisições; pelo aumento exponencial da equipa e das instalações; pela internacionalização dos nossos serviços; pelos desafios da pandemia; e este ano, pela integração a 100% pela Mota-Engil, que nos abre caminho a novas oportunidades. Também o volume de negócios conta uma história de sucesso – é expressivo o crescimento sustentado nas várias geografias em que a SUMA tem participado. Em suma, fazemos um balanço muito positivo.
A integração a 100% na Mota-Engil, no início deste ano, significa um novo ciclo de atividade e crescimento para a SUMA? Em que se traduz?
O novo ciclo representa total autonomia nas decisões estratégicas do grupo na área do ambiente e serviços, nomeadamente com as referências nacionais na liderança do mercado concorrencial e com a EGF no mercado regulado, o que permitirá alavancar a SUMA para novos projetos internacionais em mercados estratégicos para o Grupo Mota-Engil.
Ao longo destas três décadas, quais foram os momentos mais desafiantes para a SUMA?
Prefaciando o nosso mentor, Eng.º António Mota, “fazemos dos desafios oportunidades”, e no trajeto da SUMA foram vários os momentos desafiantes. A fusão entre a Mota e a Engil em 2003, determinou a fusão entre a SUMA e a SERURB, da qual resultou a partilha e integração de know-hows técnicos elevados e incrementou a capacidade concorrencial, que assim consolidou a sua liderança no mercado nacional e a catapultaram para o mercado internacional (2008 – Angola, 2012 – Brasil, 2013 – Moçambique, 2015 – Oman). Em 2014/2015, a concretização da privatização da EGF, encetou uma fase crucial no setor dos resíduos, na qual a SUMA se afirmou uma vez mais como player principal neste setor. E este ano, em 2024, depois de uma longa e saudável relação com a URBASER, a SUMA passa ser detida a 100% pela Mota-Engil.
Como define a atuação da SUMA e qual a missão da empresa no desenvolvimento do setor dos resíduos?
Crescemos, diversificámos e cuidámos – a SUMA tem sabido atuar com responsabilidade e sustentabilidade, com desenvolvimentos internacionais relevantes e um posicionamento estratégico ambicioso.
A estratégia de diversificação da atividade comercial e o reforço de práticas de eficiência e sustentabilidade, são os principais fatores de crescimento que geram resultados e que são fruto de um trabalho de equipa, o que demonstra a capacidade da SUMA quanto à sua forma de ultrapassar desafios e explorar novas oportunidades de mercado.
Quais as suas grandes prioridades enquanto presidente da SUMA para os próximos anos?
Antecipamos um novo ciclo de crescimento e inovação, o que permitirá oferecer aos nossos clientes, propostas mais integradas e competitivas, reforçando as nossas competências distintivas e a mais-valia que aportamos na implementação dos projetos. Estamos a apostar nas pessoas, na sua formação e desenvolvimento; na inovação, e a potenciar todo o nosso know-how específico de forma integrada, para o mercado nacional e internacional, tirando o maior partido possível de estarmos integrados num grupo como a Mota-Engil.
O novo Governo afirma que pretende inverter o ciclo de incumprimento das metas de recolha, aumentar o tempo de vida dos produtos e tornar os resíduos matérias-primas. Que comentário pode fazer a estas intenções?
São boas intenções que têm de ser colocadas em prática. Qualquer gestor ou técnico que trabalhe neste setor sabe que este é o caminho a seguir, a dificuldade está na sua concretização. A SUMA é um operador apto, certificado, disponível para dar respostas operacionais ágeis e com experiência. Estamos na fase da ação, de colocar em prática, de fazer acontecer.
Além disso, a ministra do Ambiente e Energia afirmou que quer garantir a implementação efetiva dos planos setoriais aprovados para 2024-2030, nomeadamente, PNGR, PERSU, PERNU e PAEC. Deve ser uma prioridade?
Como já referi, estamos na fase de fazer acontecer, o país já deixou passar muito tempo com os planos e com as suas revisões, está na hora de agir, de implementar recolhas seletivas mais inteligentes, de tratar resíduos de forma diferenciada, de incluir o cidadão como gestor de resíduos. Quem trabalha no setor aguarda há muito tempo pela implementação dos planos, nós estamos prontos.
No que toca aos biorresíduos, o Governo também pretende atualizar a atual estratégia? O que defende que deve ser implementado neste sentido?
Uma vez mais, é implementar. Os biorresíduos representam cerca de 50% da quantidade de resíduos que produzimos nas nossas casas, é a grande fatia que é preciso valorizar. Há que dar escala aos projetos para que sejam mais viáveis e existam economias de escala para todas as partes.
Por fim, foi recentemente anunciado pelo Governo o lançamento de uma campanha de sensibilização à população no que diz respeito aos resíduos. É prioritário?
O envolvimento do cidadão nos processos de decisão é sempre prioritário – temos de deixar de falar dos cidadãos como produtores de resíduos e passar a incluí-los como gestores de recursos, para que tenham decisões e ações mais conscientes no seu dia-a-dia.
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