(Entrevista) Àguas do Douro e Paiva adere às energias renováveis
De forma a “garantir que o valor da tarifa praticada se mantenha num nível socialmente aceitável”, segundo Martins Soares, presidente do conselho de administração da AdDP garantiu à Ambiente Magazine que vai proceder à instalação de equipamentos de energia renovável. Esta prática insere-se dentro da política da empresa em dar continuidade à redução de custos e utilização racional de recursos.
– Que projectos têm em curso?
A Águas do Douro e Paiva (AdDP) concluiu, praticamente, todas obras do sistema, os projectos que tem em curso são os que se referem às obras necessárias para a execução do alargamento do sistema de abastecimento de água a Amarante e a Baião e a extensão à Vila de Cinfães. No sector das infra-estruturas tem ainda em conclusão a obra de ligação do Sub-sistema de Lever ao Sub-sistema do Vale do Sousa que confere uma redundância de abastecimento, uma poupança de energia e uma maior fiabilidade a todo o sistema.
Ao nível da gestão a AdDP pretende dar continuidade à política de redução de custos e utilização racional de recursos, recorrendo à instalação de equipamentos de energia renovável, para continuar a garantir que o valor da tarifa praticada se mantenha num nível socialmente aceitável, à certificação do sistema de gestão em Responsabilidade Social (ISO 27001) e à adopção das Normas Internacionais de Relato Financeiro (IFRS). Estão ainda a ser dados passos para a implementação dos referenciais de Gestão de Segurança da Informação (ISSO 27001) e Gestão da Continuidade do Negócio (BS 25999).
– Que investimentos e objectivos a atingir estão previstos no vosso plano de actividades?
A AdDP tem previsto investir entre 2010 e 2015 cerca de 47 milhões de euros divididos em três grandes grupos: – Obras para o alargamento do sistema aos Municípios de Amarante e Baião.
– Obras que conferirão ao sistema uma melhor fiabilidade e desempenho, entre as quais se inclui a ligação entre as duas origens da AdDP (Douro e Paiva) que se consubstancia numa conduta adutora com 32 km de extensão e uma estação elevatória; – Obras de expansão do sistema actual a novos pontos de entrega em alguns Municípios como Cinfães, Arouca e Oliveira de Azeméis;
– Qual a situação ao nível do saneamento e do abastecimento e qualidade de água que servem à população que abrangem? Quais os vossos objectivos para o futuro?
A AdDP é responsável pelo Sistema Multimunicipal de Abastecimento de Água à Área Sul do Grande Porto e Vale do Sousa. No final de 2009, o número de habitantes abastecidos pelo sistema rondou os 1,7 milhões, o que correspondeu a um consumo de cerca de 105 milhões de m3 de água. Em termos de cobertura de rede de abastecimento em alta a AdDP abrange 100% da população residente na sua área de concessão.
No que respeita a qualidade da água, a monitorização efectuada pela AdDP vai muito para além do estritamente exigido por lei, quer em número de análises quer em tipo de parâmetros pesquisados. No ano de 2009 realizaram-se 50.858 análises à água em processo e 31.373 determinações na água tratada nos pontos de entrega aos Clientes, este último número encontra-se muito acima do mínimo legal exigido (10.199 determinações) que compõem o plano de controlo aprovado pela ERSAR.
– Têm feito algumas alterações ao nível da estrutura da Águas do Douro no sentido de a modernizar? Nos últimos anos, a AdDP incorporou algumas técnicas avançadas ao nível das operações, como sejam o estudo através de técnicas de CFD (Computational Fluid Dynamics) de um novo sistema de injecção de ozono em tubos sob pressão, a instalação de um software de previsão de consumos e de variação de níveis de reservatórios e a definição do projecto técnico para a instalação do primeiro sistema de desinfecção por radiação ultravioleta em grande escala em Portugal.
– Ao nível da sensibilização e da educação da população, o que tem sido feito?
Em consonância com os princípios expressos na sua missão empresarial, a AdDP mantém uma estratégia de comunicação e envolvimento com a comunidade, na qual tem privilegiado a promoção dos conceitos de protecção e valorização do ambiente.
Uma das principais campanhas de envolvimento com a comunidade levadas a cabo pela AdDP tem sido a “Campanha de Sensibilização da Água da Torneira para Consumo Humano” cujo objectivo é fazer da água da torneira a escolha certa sempre que alguém sinta sede. Esta campanha, iniciada no ano de 2008, já serviu de pano de fundo para uma série de acções realizadas pela AdDP sobre este tema, contribuindo para mobilizar parceiros, instituições e pessoas dos municípios accionistas, o que se revelou de grande importância, atendendo à estratégia de promoção implementada pela empresa. A AdDP tem em curso um Programa Integrado de Educação Ambiental – A Água e os Nossos Rios – Projecto “Mil Escolas”, um projecto inteiramente dedicado à temática da preservação da água e que mobilizou milhares de alunos e professores do 1º e 2º ciclos do ensino básico das instituições de educação e ensino da área de influência da empresa.
Outro importante projecto em curso são as acções e actividades de educação ambiental desenvolvidas no Centro de Educação Ambiental (CEA). Localizado no Complexo de Lever e aberto desde Junho de 2007, o CEA promoveu inúmeras acções tendo em vista a sensibilização dos cidadãos para as questões ambientais e o envolvimento do público mais jovem e menos jovem na protecção do ambiente. Desde a sua abertura o CEA recebeu um total de mais 11.000 participantes em Acções e Actividades de Educação Ambiental. – É preocupação da empresa a diminuição de perdas de água ao nível do abastecimento?
O nível de perdas no sistema de abastecimento da AdDP é bastante baixo. Em 2009 o indicador Água não facturada foi de 3%, sendo o limite de referência ERSAR de 5%.
Apesar disso a AdDP tem como objectivo a diminuição das perdas de água já em 2010, tendo estabelecido um plano de acções com esse fim e que passa por medir e analisar os valores de perdas nos vários troços de conduta, com vista a posteriores intervenções nos casos em que tal se justifique.
– Que modificações estão a elaborar no âmbito do Plano Estratégico para o Abastecimento de Água e Saneamento de Águas Residuais 2013?
Com base na estratégia definida no PEAASAR II, as entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água e saneamento, a par com a necessária execução de infra-estruturas para se atingirem os desejados níveis de atendimento com os padrões de qualidade que hoje se exigem, devem assegurar que o preço dos serviços reflicta os custos da água e do saneamento, como forma de garantir a sustentabilidade dos serviços, e promover o uso eficiente dos recursos, através de adequadas práticas ambientais, assegurando o cumprimento integral das obrigações legais, sem perder de vista as recomendações tendentes ao estabelecimento de tarifas socialmente aceitáveis, em particular as relacionadas com o aumento da escala territorial das intervenções e o aproveitamento integral dos financiamentos associados.
Neste contexto, a AdDP assumiu compromissos de sustentabilidade que estão patentes na sua política empresarial e no seu código de conduta. Para concretizar estes compromissos, a AdDP estruturou a sua estratégia e os seus objectivos num Plano de Actividades e Financeiro para um horizonte de 5 anos (de acordo com o previsto no Contrato de Concessão). Este Plano é, por sua vez, detalhado em Planos Sectoriais Anuais que fundamentam um Orçamento e Projecto de Tarifário aprovado anualmente pelo Concedente (Estado Português), sob parecer da Entidade Reguladora (ERSAR). O acompanhamento da implementação dos Planos Sectoriais é realizado através de relatórios de gestão e de reuniões periódicas de controlo efectuadas entre a Administração e as várias áreas da empresa onde são analisados os indicadores de desempenho económico, ambiental e social.
“