O Clube de Produtores Continente, a Associação Nacional de Produtores de Proteaginosas, Oleaginosas e Cereais (ANPOC), o Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO/BIOPOLIS) da Universidade do Porto e a Palombar (Conservação da Natureza e do Património Rural) uniram esforços num projeto conjunto para salvar a Águia-caçadeira, considerada uma das espécies mais ameaçadas da fauna terrestre em Portugal.
O “Protocolo Searas com Biodiversidade: Salvemos a Águia-caçadeira” foi assinado esta terça-feira, 17 de maio, Dia do Agricultor, pelos parceiros envolvidos, no Polo de Inovação, do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, em Elvas. O Protocolo contempla diversas ações para apoiar e promover a conservação desta espécie no nosso país e, em paralelo, identificar medidas de gestão para salvaguardá-la.
“As ações de salvamento e resgate enquadram-se numa iniciativa alargada de âmbito nacional, envolvendo o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, o Centro de Recuperação de Animais Selvagens do Hospital Veterinário da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e organizações ambientais como a Liga para a Proteção da Natureza e a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves”, pode ler-se num comunicado.
A Águia-caçadeira, também conhecida como tartaranhão-caçador, não constrói ninhos nas árvores, ao contrário de muitas outras aves de rapina, mas sim no solo, o que a torna mais suscetível à atividade agrícola.
Este projeto inédito prevê a realização de um censo nacional para identificar o número de casais reprodutores que existem no território nacional. Estão planeadas ações de prospeção de colónias e ninhos, que incluem o apoio no resgate de ovos que estejam em parcelas em risco de serem ceifadas, assim como ações de proteção. Será igualmente realizado um estudo para compreender a importância das searas para a biodiversidade de aves, coordenado pelo CIBIO e pela Palombar.
As águias-caçadeiras estão em Portugal de meados de março a setembro, migrando depois para África. A sua distribuição é maior nas planícies alentejanas e no planalto mirandês, frequentando terrenos abertos com poucas árvores e áreas com culturas de cereais.
Com este projeto, as entidades parceiras pretendem inverter a extinção desta espécie e trabalhar em conjunto para promover um sistema alimentar amigo do ambiente.