Em Maio, foi submetida uma notificação para um ensaio de campo na Catalunha às autoridades espanholas pela empresa britânica Oxitec, que desenvolveu as moscas-da-azeitona. O código genético destas moscas foi alterado de modo a que da sua reprodução resultassem insectos que morram antes da idade adulta. O objectivo seria eliminar a praga de zonas afectadas. Segundo os documentos agora divulgados pela Comissão Europeia, a empresa pretende realizar uma experiência em seis lotes, com um total de mil metros quadrados, perto de Tarragona. Ali serão libertados até 5000 machos da mosca-da-azeitona por semana, em duas fases: no Outono e na Primavera.
Mas, segundo o jornal Público, os ambientalistas estão preocupados com a libertação acidental das moscas. “Libertar insectos geneticamente modificados no ambiente é uma experiência perigosa que, na prática, irá transformar toda a Europa num laboratório ao ar livre”, afirma Janet Cotter, da Unidade Científica da organização internacional Greenpeace, num comunicado. “Os insectos não respeitam fronteiras e nenhuma esterilidade é 100% eficaz”, completa, acrescentando que, se algo de errado acontecer, “será impossível terminar e conter o ensaio”. Os ambientalistas temem que as modificações genéticas nas moscas libertadas não sejam estáveis — tal como defende a empresa Oxitec — e que possam resultar em consequências imprevisíveis no ambiente. Além disso, a presença de larvas transgénicas nas azeitonas pode comprometer a produção de azeite biológico, que tem de ser livre de organismos geneticamente modificados.
“Nenhum consumidor deseja comer azeitonas recheadas com larvas geneticamente modificadas”, argumenta Margarida Silva, da Plataforma Transgénicos Fora, que reúne várias organizações não-governamentais portuguesas. “É tempo de se investir em meios de protecção das culturas que sejam holísticos, sustentáveis e conjuguem os objectivos de consumidores e agricultores”, refere, no comunicado conjunto com outras organizações de países mediterrânicos. Se o ensaio avançar, será a primeira vez que é autorizada a libertação de animais geneticamente modificados na Europa, segundo os ambientalistas.
A praga das moscas-da-azeitona causa enorme prejuízos na olivicultura. Em Portugal afecta em particular a zona entre o Douro e o Minho. As larvas crescem dentro das azeitonas, tornando-as impróprias para o consumo e para o fabrico do azeite.
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