O administrador-delegado da ENI, Claudio Descalzi, afirmou ontem que a petrolífera italiana aguarda a aprovação dos seus três parceiros no consórcio do projeto de gás do Rovuma, norte de Moçambique, para iniciar a produção. “Estamos à espera da aprovação dos outros parceiros do consórcio. Claramente, a empresa do Estado [moçambicano] no consórcio, a ENH, também já aprovou, portanto, temos 60% do projeto aprovado”, disse Descalzi, em declarações aos jornalistas, após se encontrar com o primeiro-ministro moçambicano, Carlos Agostinho do Rosário, indica a Lusa.
A ENI, prosseguiu, aguarda pela aprovação da companhia portuguesa Galp, da companhia chinesa CMPC e da e empresa sul-coreana Kogas, para o investimento final no empreendimento. “Estamos à espera da aprovação destas três empresas, depois disso, podemos começar”, insistiu o administrador-delegado da ENI.
De acordo com Claudio Descalzi, com a decisão do conselho de administração da ENI, foi dado um passo importante para o início do projeto de desenvolvimento da fábrica de Gás Natural Liquefeito (GNL) que será extraído pelo consórcio na Área 4 da bacia do Rovuma. “É um passo importante para Moçambique, porque é o primeiro projeto gigante de energia que começa em Moçambique”, acrescentou.
O administrador-delegado da ENI recordou que o consórcio que a firma italiana lidera já vendeu antecipadamente à multinacional britânica BP todo o gás que vai produzir em Moçambique.
Além de se encontrar com o primeiro-ministro moçambicano, a quem comunicou a decisão da Eni de avançar com o projeto de gás, Claudio Descalzi reuniu-se antes com o chefe de Estado moçambicano, Filipe Nyusi, e com a ministra da Energia e Recursos Minerais, Letícia Klemens.
Em comunicado emitido no fim da semana passada, o Conselho de Administração da ENI anunciou ter autorizado o investimento na primeira fase do desenvolvimento do projeto Coral Sul, localizado nas águas profundas de Rovuma Basin (área 4), no offshore de Moçambique. Em comunicado disponível na sua página na internet, a empresa italiana explica que a operação está ainda dependente da aprovação dos restantes parceiros do negócio – a portuguesa Galp Energia, mas também a Kogas e a Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH), cada um detentor de uma parcela de 10%.
O projeto prevê a construção de seis poços submarinos ligados a uma unidade de produção flutuante (FLNG), com uma capacidade de liquefação de mais de 3,3 milhões de toneladas de gás natural liquefeito (GNL), por ano, equivalente a aproximadamente 5 mil milhões de metros cúbicos.
As autoridades de Moçambique aprovaram o plano de desenvolvimento do projeto em fevereiro deste ano.
O campo de Coral, descoberto em maio de 2012 e descrito em 2013, fica localizado na área 4 e contém aproximadamente 450 mil milhões de metros cúbicos (TCF 16) de gás.
Além do consórcio liderado pela ENI, a bacia do Rovuma conta com um consórcio liderado pela norte-americana Anadarko, que ainda não anunciou a decisão final de investimento no projeto.