Rui Godinho, Presidente da APDA (Associação Portuguesa de Distribuição e Drenagem de Águas), foi um dos oradores na grande mesa-redonda do ENEG 2023, intitulada “Grito pela Água”, onde foi discutida a atualidade do setor das águas e do saneamento, mas também o que se pode fazer no futuro para contornar os problemas identificados.
E iniciou o seu discurso com a posição da APDA em relação ao tema, pois “entende a gestão da água como prioridade e que não tem tido a atenção que devia” e que carece de “estar no topo da agenda política”, de forma a conseguir gerir o recurso hídrico para satisfazer a procura das três grandes áreas: agricultura, indústria e urbano/doméstico.
Em Portugal, a preocupação com a falta de água tem vindo a crescer cada vez mais e Rui Godinho acredita que teremos de “fabricar para responder ao consumo”, além de solucionar o problema através de políticas contínuas, da reutilização das águas residuais tratadas e das águas subterrâneas (aquíferos). E neste último ponto alertou para o atraso do país: “só Portugal e Malta, na Europa, é que não consideram as águas subterrâneas públicas, o que leva a um descontrolo”.
Posto isto, reforça que “temos de cuidar deste recurso como se fosse ouro”, além de “atacar o dualismo estrutural das entidades gestoras de água e saneamento”, devido às questões de dimensão, um problema que “não é sustentável”.
Em relação ao financiamento para ajudar no combate aos desafios do setor, Rui Godinho frisa que o mesmo tem de se basear nos três T’s: Taxas, Tarifas e Transferências, alertando sobre este último que “se estamos à espera das tarifas do consumidor, não chegamos lá, há limites”.
Por fim, o presidente da APDA criticou a falta de fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para o setor das águas e do saneamento, recordando que apenas 25% se destinaram ao mesmo.
O ENEG 2023 decorreu de 27 a 30 de novembro, no Multiusos de Gondomar, com área de exposição, mesas-redondas e vários momentos de comunicação sobre a atualidade e os desafios do setor das águas e do saneamento.