A Endesa e a Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) assinaram recentemente um protocolo de cooperação que procura diminuir a fatura energética no setor. Segundo Nuno Ribeiro da Silva, presidente da Endesa Portugal, a energia é “tipicamente” o segundo maior custo da hotelaria, a seguir aos salários.
O presidente da empresa energética refletiu sobre o tema “Mudar a Energia, mudar Comportamento”, durante um almoço de associados da AHP, revelando à Ambiente Magazine que “o interesse do setor hoteleiro que nos foi transmitido decorre da fatura energética [elétrica, de gás natural e de combustíveis líquidos] ser tipicamente o segundo custo da indústria, a seguir aos salários”. Acresce o desafio da “volatilidade dos mercados” que torna difícil às empresas prever as despesas com a energia.
Assim, a parceria entre a AHP e a Endesa vem proporcionar melhores condições comerciais aos associados bem como permitir um maior conhecimento do mercado através de um conjunto de ferramentas para otimizar os hotéis na vertente energética, incluindo técnicas avançadas de compra de energia, saber qual a melhor altura para o fazer e estar a par das mais recentes soluções de eficiência energética.
Tudo com o acompanhamento e aconselhamento de gestores comerciais da Endesa, para ajudar às decisões de contratação, em termos de eletricidade, gás natural e serviços de valor acrescentado, incluindo também o financiamento de projetos de melhoria da eficiência energética (por exemplo, a auto produção de energia).
Nuno Ribeiro da Silva comenta que, atualmente, existe uma grande “variedade de oferta” e que o perfil do consumidor é muito diferente. “Cada setor é um setor e dentro do setor, existem diferentes casos. Temos grandes hotéis e pequenas unidades. Um hotel urbano não tem nada a ver com um resort com casas espalhadas”. O responsável não tem dúvidas de que “as pessoas não vivem sem energia, têm de contratar energia, e não sendo especialistas ficam com muitas dúvidas e desorientadas. O meu negócio são hotéis, não é ser especialista em energia”, ilustra.
Metas ambientais e energias renováveis
O presidente da Endesa Portugal defende que “estamos a ser ambiciosos embora as metas não sejam irrealistas. São muito desafiantes mas não impossíveis”. Esta é uma corrida contra o tempo pelo que “temos de ir a grande velocidade para chegar a horas”. Para Nuno Ribeiro da Silva, “é uma responsabilidade do Governo ter uma perceção das barreiras que existem e que dificultam que ganhemos balanço para a velocidade a que temos de ir”.
No setor energético coloca-se a “necessidade de mobilizar capital porque não são os Estados que vão fazer esses investimentos”, declara Nuno Ribeiro da Silva. Em Portugal, estima-se que seja necessário investir mais três mil milhões de euros por ano, em Espanha entre 18 a 20 milhões de euros, para cumprir as metas. “Há que mobilizar esse capital para o setor e criar as condições de mercado, os incentivos e as penalidades, para que esses investimentos [em energias renováveis] façam sentido”, explica o responsável, o que não é fácil na medida em que “sabemos que há uma inércia grande no setor até porque tem interfaces sensíveis com as questões ambientais”. O presidente da Endesa Portugal sustenta que “na energia 10 anos é depois de amanhã” e à mobilização de capital junta-se uma mudança de comportamentos pois a eficiência energética “convoca toda a gente”.