A diretora do departamento de operações e logística da Lipor, Isabel Nogueira, anunciou que, em 2016, a entidade rececionou cerca de 501,552 toneladas de resíduos nas suas instalações. “Encaramos os resíduos como recursos”, disse Isabel Nogueira, que falava nas 10ª Jornadas Técnicas Internacionais de Resíduos, promovidas pela Associação Portuguesa de Engenharia Sanitária e Ambiental, no Porto.
Em 2016, a entidade atingiu ainda um total de 46.791 toneladas de materiais separados pelos cidadãos, mais 3,3% face ao ano anterior. Já em aterro, foram mantidas cerca de 4.759 toneladas dos resíduos.
De acordo com a responsável, a Lipor totalizou 37 milhões de euros em volume de negócios e nove milhões de euros de EBITDA no mesmo ano. Estes dados correspondem a um euro e 15 cêntimos por cidadão em questões de educação ambiental, 300 mil euros em investigação, desenvolvimento e inovação e aproximadamente 150 mil euros de investimento na comunidade.
Ainda durante a apresentação “A recolha seletiva de resíduos – projetos que potenciam a valorização multimaterial e orgânica”, a Lipor adiantou resultados das várias iniciativas que contribuíram para o desempenho positivo da entidade. Destas, em 2017, o projeto “Resíduos Verdes” permitiu receber seletivamente 800 toneladas de resíduos verdes nos municípios de Espinho e Vila do Conde, reduzindo os recicláveis verdes na fração indiferenciada de resíduos urbanos (RU).
Por outro lado, o projeto Festas e Romarias recolheu, de maio a outubro, 31,49 toneladas de material reciclável em 16 festas e romarias. Já o projeto “Eventos”, que visa essencialmente apoiar os promotores de eventos na gestão sustentável de resíduos produzidos, recolheu 4,63 toneladas de material reciclável.
Em 2017, a Lipor deu também início ao projeto “Edifícios Públicos”, implementado em Espinho, Porto, Gondomar e Póvoa de Varzim, com uma abrangência total de 45 edifícios e infraestruturas públicas dos municípios. Por sua vez, o projeto “Espaços Desportivos”, iniciado em Espinho e Gondomar, dotou os espaços desportos de equipamento para a deposição seletiva de resíduos.
Ainda no âmbito da recolha seletiva de velas e círios nos cemitérios, a Lipor e os municípios associados, em parceria com a Natural Life, recolherem 10,47 toneladas de material de janeiro a outubro. No mesmo período, foram instalados 38 novos velómetros, fomentando a reciclagem.
Quanto aos projetos de recolha porta-à-porta residencial, pretendem vir a instalar mais zonas de recolha e atingir a valorização de, no mínimo, 30% do potencial de materiais alvo. O mesmo objetivo estendender-se-à na recolha porta-a-porta não residencial, estando previsto implementar um sistema de incentivo à prática da separação.
A profissional aproveitou ainda a ocasião para apelar à necessidade de ser instalado um Data Center, de modo a garantir a rastreabilidade de todo os processo de recolha dos municípios da Lipor e, entre outros, implementar sistemas de monitorização em tempo real. O objetivo, explica, “é implementar projetos e monitorizar para melhorar e poder agir”.
Projetos para o futuro
A responsável do departamento de operações e logística da Lipor explicou que a entidade pretende “estar no mercado global e criar tendências para um futuro sustentável”, assinalando que “empreender soluções inovadoras na gestão de recurso” é a sua missão.
A proteção do ambiente e da biodiversidade, a prevenção na produção de resíduos e as alterações climáticas continuam a ser prioridades para a entidade, que visa “o desenvolvimento sustentável e a prevenção em termos da nossa pegada carbónica”, explica Isabel Nogueira. Estes objetivos estão incluídos no Plano Estratégico da Lipor (2015-2020), alinhado com o Plano Estratégico para os Resíduos Urbanos 2020, que é composto por seis eixos de atuação e aproximadamente 54 ações.
Promovendo uma abordagem circular na criação de valor partilhado, a Lipor estipulou também como metas intercalares recolher seletivamente 50 kg por habitante/ano, atingir 35% de total valorizado para reutilização e reciclagem e 10% de desvio de resíduos urbanos biodegradáveis para aterro.
A Lipor – Serviço Intermunicipalizado de Gestão de Resíduos do Grande Porto é a entidade responsável pela gestão, valorização e tratamento dos RU produzidos em Espinho, Gondomar, Maia, Matosinhos, Porto, Póvoa de Varzim, Valongo e Vila do Conde. Atualmente, com dois pólos em funcionamento – em Bagim do Monte e na Maia -, abrange, anualmente, uma realidade de cerca de 500 mil toneladas de RU produzidos por uma população constituída por cerca de um milhão de habitantes. Isto corresponde a um 1% da área geográfica do país, 10% da população e 12% dos RU produzidos.
*Este artigo foi publicado na Ambiente Magazine 76.