Empresas têm de mudar a sua “perspetiva ambiental”, alerta Costa da Silva
O gestor António Costa Silva esteve esta segunda-feira na conferência “Ação Climática – Desafios Estratégicos”, promovida pelo Ministério do Ambiente e da Ação Climática. O responsável, que teve um envolvimento no desenhar das linhas estratégicas para um plano de recuperação resiliente e de transformação da economia portuguesa, destacou a importância do hidrogénio como “parte essencial” nesta recuperação.
“Estamos numa encruzilhada e não sabemos muito bem o que nos está a acontecer”, começa por evidenciar o responsável, dando conta que, em março, pela primeira vez na história da energia, o “preço do petróleo negociou em valores negativos no mercado de Nova Iorque”, alertando para o facto de “termos um colapso na procura mundial”. A “aposta no gás e energias renováveis” é uma resposta para “defrontar a questão climática”, diz, referindo que a “única energia que está a subir em termos de consumo mundial são as energias renováveis”. E se a economia não descarbonizar, o “caos que se vai seguir com uma mudança climática descontrolada vai ser brutal para todo o planeta”, alerta, referindo que há uma “oportunidade histórica” nesta matérias. O hidrogénio leva António Costa da Silva a sublinhar que não é um delírio tecnológico: “É o gás mais abundante no universo e uma matéria prima vital”. E no que às empresas diz respeito, o gestor diz que a grande maioria terão que ter uma “agenda climática” até porque, se não descarbonizarem, “as operações serão profundamente afetadas”, além de que os “clientes, consumidores e sociedade” vão mesmo exigir “standards em termos climáticos” e outras questões envolventes: “As empresas têm que mudar toda a sua perspetiva”, vinca.
Não restam dúvidas de que, em Portugal, a questão das energias vai desempenhar um papel fulcral na “nova onda do desenvolvimento económico”: “Despendemos de 30% mais da energia do que toda aquela que precisamos”, pelo que essa “redução terá um impacto brutal”, declara.
No que diz respeito à eficiência energética e à revolução digital transformadora da indústria portuguesa, António Costa da Silva destaca as “competências funcionais” que Portugal detém mas “falta competências às instituições: trabalhamos muito pouco a qualidade da gestão nas PME”. Entre 2017 e 2018, o “investimento” em “inovação e desenvolvimento tecnológico” pelas empresas foi “superior ao investimento público”, sendo “sinais brutais” em que as “competências estão lá”, faltando “trabalhar o produto” como “internacionalizar as marcas” e “olhar para a cadeia de valor e diversificar”.
Sobre questões territoriais, o responsável refere que, no documento de visão estratégica, há uma “proposta em converter o Interior numa espécie de centralidade do hinterland iberico”, promovendo relações e cooperações ibéricas: “Nunca exploramos devidamente relações com o mercado ibérico e é por isso que a rede ferroviária elétrica e as interconexões são cruciais” nestas matérias, dando ênfase aos territórios no Interior que são verdadeiros centros de inovação e tecnologia.