“Empresas devem apostar em processos que pensem como a natureza”, defende investigador
“Um processo difícil, mas não impossível!”. É com esta mensagem de esperança que Ricardo Zózimo, Investigador e Professor Auxiliar na NOVA SBE, aborda a necessidade de as empresas acelerarem o processo de transição para a regeneração. O docente que falava na conferência “Sustentabilidade e descarbonização. E AGORA?”, promovida, esta quarta-feira, 25 de janeiro, pela GS1 Portugal, centrou o seu discurso naquela que deve ser a intervenção das empresas no “Novo Paradigma de Produção e de Consumo: A Regeneração dos Ecossistemas”.
Quando o tema são as alterações climáticas é inevitável não se falar no aumento da temperatura: “Não temos dúvidas de que a temperatura está a subir a níveis nunca antes vistos e, isso, tem implicações nas cadeias de valor, nas cadeias produtivas, nas cadeias de transportes e, sobretudo, na forma de viver”. Recordando o caso recente, na Alemanha, onde “morreram milhões de abelhas”, devido ao calor, Ricardo Zózimo atenta no impacto sentido nas cadeias de fruta e de transporte que foram afetadas: “Temos de conseguir reverter o paradigma e a descolonização é, assim, muito importante”.
“Procurem dentro das vossas equipas pessoas que possam liderar de uma forma informal este movimento da regeneração”
E como é que as empresas entram nesta equação? De acordo com o investigador, apesar das questões do ambiente estarem sempre muito ligadas ao Governo e às Organizações Não Governamentais (ONG), as empresas são um dos maiores motores para baixar a temperatura do planeta: “Se as empresas tiveram menos fruta, não vão conseguir vender e se tiverem menos acesso a materiais não fazem negócios”. Por isso, “as empresas têm tanto interesse como nós todos em que a descarbonização aconteça”, considera o investigador, constatando que as mesmas estão, mesmo, a passar por um processo de transformação: “Antes havia um objetivo claro que era fazer dinheiro para os acionista e, agora, são três, fazer dinheiro para os acionista, tratar do meio ambiente e tratar bem das pessoas”.
Enquanto “parte da solução e não do problema” as empresas devem, segundo Ricardo Zózimo, seguir uma lógica regenerativa que aposte em processos que pensem como a natureza: “A ideia do regenerativo é, sobretudo, pensar no desenvolvimento de soluções que tratem as empresas como se trata da natureza”. Para tal, exige-se às empresas que repensem no valor e no uso da água: “Temos de tratar da água como um recurso que é finito e dar-lhe valor”. Tão importante é “tratar o lixo como um acelerador económico”, defende o docente, acreditando que o lixo pode ser uma fonte de rendimento: “O aumento do custo dos materiais pode ser uma alavanca para olhar para o lixo como um acelerador económico”, exemplifica. Ricardo Zózimo destaca ainda a importância de reavivar o sentido da comunidade, ou seja, ter um papel social e ambiental dessa mesma comunidade: “O envolvimento com as ONG locais e perceber como a empresa pode ser parte da solução”.
Em jeito de conclusão, o investigador deixa um conselho a todos os líderes: “Procurem dentro das vossas equipas pessoas que possam liderar de uma forma informal este movimento da regeneração”.