As tecnologias sustentáveis não são uma prioridade para a maior parte das organizações, em grande parte devido à falta de consciencialização da própria pegada de carbono. Esta é uma das conclusões do estudo “Sustainable IT: Why it’s time for a Green revolution for your organization’s IT” da Capgemini Portugal. Em declarações à Ambiente Magazine, Gonçalo Botelho de Sousa, account executive Energy & Utilities da Capgemini Portugal, explica que o nível de sensibilização varia por setor, havendo elevados níveis nos setores bancários e de produtos de consumo e menores no segmentos industrial e de transformação.
De acordo com o estudo, apenas 6% das organizações estão preparadas para obter melhores pontuações ESG (ambiental, social e de governo) e uma melhor imagem de marca e satisfação do cliente. A destacar, está também o facto de 43% dos executivos entrevistados estarem cientes da pegada ecológica provocada pelos seus sistemas de informação e, apesar de metade das organizações já ter uma estratégia de sustentabilidade em curso, só 18% possui uma estratégia abrangente, com metas e prazos bem definidos.
Num momento em que o mundo está a recuperar da pandemia, Gonçalo Botelho de Sousa atenta na necessidade da sustentabilidade estar no centro dos esforços, alertando para o aumento do e-lixo (resíduos tóxicos resultantes de hardware abandonado), altamente nocivo para o ambiente: “Em 2019, foram gerados 53,6 milhões de toneladas de “e-lixo” a nível global, um aumento de 21% em cinco anos”. Apesar de muitas organizações estarem focadas no tema da sustentabilidade, o estudo revela que 89% reciclam menos de 10% do seu hardware: “É fundamental que as empresas conheçam detalhadamente a sua pegada de carbono no mundo digital e acelerem a mudança para sistemas ou soluções mais sustentáveis”. E neste desígnio, o responsável atenta para a importância das “partes interessadas” estarem envolvidas, bem como as “arquiteturas de sistemas e software” terem de acompanhar a mudança. Mesmo sendo reconhecidas as vantagens das tecnologias verdes por parte das empresas, há ainda uma dificuldade em fazer o mapeamento ou o cálculo do retorno das vantagens. Em parte, explica Gonçalo Botelho de Sousa, está mesmo o “desconhecimento” quanto ao impacto que o e-lixo tem no ambiente. Depois, “49% afirmam que o grande desafio é a falta de ferramentas ou padrões/classificações para avaliar a pegada de carbono das TIs”, refere. A isto, acresce que “53% das organizações afirma que não têm ainda a experiência necessária para a implementação de TIs sustentáveis”, precisa.
Com estas conclusões, que podem ser consultadas em detalhe aqui, o responsável destaca a importância de as empresas iniciarem um “caminho de análise” daquilo que conseguem fazer, dentro da capacidade de investimento e analisando o retorno alcançado: “Sem esta análise e cruzamento de alternativas, dificilmente muitas empresas conseguirão ser efetivas e reduzir a sua pegada”, sucinta.