Empresa pública de energia sem dinheiro para combustível deixou bairros de Bissau às escuras
Várias zonas da capital da Guiné-Bissau estiveram sem energia durante horas nos últimos três dias por falta de dinheiro na empresa pública de eletricidade para alimentar os geradores, disse à Lusa fonte da instituição.
A empresa de Eletricidade e Águas da Guiné-Bissau (EAGB) necessita diariamente de cerca de 100 mil litros de gasóleo para manter em funcionamento os geradores que fornecem energia a Bissau. Entre sexta-feira e domingo, a companhia procedeu a cortes durante várias horas e houve bairros inteiros que ficaram às escuras e sem água canalizada (por falta de eletricidade nas bombas de captação).
O diretor-geral da EAGB, René Barros, disse que, por agora, a situação está resolvida, mas pode voltar a acontecer se o governo não comparticipar o aluguer dos geradores, que é suportado pelas receitas próprias da empresa. René Barros referiu que a firma multinacional que fornece os geradores na Guiné-Bissau é a mesma que opera em vários países vizinhos, em que os estados subvencionam o contrato de aluguer.
René Barros explicou que a EAGB paga mensalmente 250 milhões de francos CFA (381 mi euros) de aluguer, o que diz ser “incomportável”, tendo em conta que a energia está a ser vendida “abaixo do preço de produção”. “É como se a empresa gastasse 10 mil para produzir um quilowatt de energia e o vendesse a sete mil”, detalhou Barros, que falou na necessidade de a EAGB equilibrar as suas contas para poder responder às necessidades dos residentes de Bissau.
O diretor-geral acrescentou que a empresa tem uma divida acumulada equivalente a 930 mil euros e nem sabe como saldá-la. Afirma ser “inevitável” que venha a acontecer um aumento de preços, medida ensaiada no último ano, mas anulada pela justiça na sequência de uma queixa da Associação de Consumidores.
Cerca de 60% da energia é consumida pelo Estado, principal cliente da EAGB, no entanto há atrasos no pagamento, adiantou o diretor-geral. René Barros referiu que a Guiné-Bissau terá que encontrar alternativas ao modelo atual que passem pela produção solar, hidroelétrica ou a partir de biomassa.
*Foto de Reuters