Segundo o Relatório Estado do Ambiente (REA) hoje divulgado e, de acordo com a agência Lusa, as emissões de gases com efeito de estufa (GEE) desceram 2,6% em 2016, devido ao maior peso das fontes renováveis e menor do carvão na produção de eletricidade.
Na submissão do Inventário Nacional de Emissões de 2018, realizada em março/abril “as emissões de GEE, sem contabilização das emissões de LULUCF [setor florestal e alteração do uso do solo] são estimadas em cerca de 67,8 Mt [milhões de toneladas] de CO2 [dióxido de carbono] para 2016”, refere REA.
Este comportamento representa um aumento de 13,1% face a 1990 e um decréscimo de 2,6% relativamente a 2015, “explicado em grande parte pelo aumento do peso da produção elétrica a partir de fontes renováveis, em particular hidroeletricidade, e pelo menor consumo de carvão no setor eletroprodutor”, explica.
Para a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), as emissões registadas em 2016 “confirmam uma trajetória de cumprimento das metas nacionais e europeias de redução de emissões para 2020 e 2030”, com as emissões totais a representar uma redução de cerca de 21% face aos níveis de 2005.
O setor da energia, incluindo transportes, mantém-se em 2016 como o principal responsável pelas emissões de GEE, representando 70% das emissões nacionais, apesar de um decréscimo de 2,5% face a 2015.
A produção de energia e os transportes representam respetivamente 26% e 25% do total das emissões nacionais, segundo o REA.
Os transportes, com destaque para o rodoviário, apresentam o maior crescimento de emissões no período 1990 a 2016, com 63%.
Depois de anos a crescer, até ao início dos anos 2000, e de uma estabilização, após 2005 registou-se um decréscimo das emissões dos transportes, comportamento que registou depois uma inversão com um aumento de 5,1% entre 2013 e 2016.
Os processos industriais e uso de produtos, agricultura e resíduos têm um peso semelhante nas emissões, representando 10,8%, 10,0% e 9,6%, respetivamente.
O setor agrícola apresenta um crescimento de 1% face a 2015, enquanto os outros dois setores apresentam descidas de 7% e 1,2% face a 2015.
“O aumento das emissões associadas à agricultura é explicado maioritariamente pelo aumento da população de bovinos e suínos, bem como com o crescimento da área cultivada de arroz, também ela relacionada com a maior disponibilidade hídrica”, explica o relatório.
A redução das emissões do setor dos resíduos está, segundo a APA, relacionada com o aproveitamento energético do biogás em sistemas de tratamento de resíduos e águas residuais, bem como a aposta nos tratamentos mecânicos e biológicos, que visam a redução dos resíduos urbanos em aterro e o aumento do quantitativo de resíduos recicláveis recuperados.
“De um modo geral, todos os setores não-CELE [comércio europeu de licenças de emissões] estão em linha com as metas de redução setorial de 2020, com exceção da agricultura”, aponta ainda o REA.