Elevado preço da água em Alqueva leva muitos agricultores a deixar as culturas regadas
O elevado preço da água em Alqueva está a afastar um número crescente de pequenos agricultores das culturas regadas, indica o jornal Público. A alternativa passa pelo regresso ao sequeiro, pela venda ou arrendamento das terras, fenómeno que está a concentrar a propriedade nas mãos de empresas espanholas e portuguesas que investem, sobretudo, no olival superintensivo e intensivo. Assiste-se, ainda, à redução e ao abandono de culturas que exigem um grande débito de água entre os 10 e os 12 mil metros cúbicos por hectare/ano, como as do milho, arroz, melão, pastagens e beterraba, para optar pelo novo olival que consome muito menos água, entre 2,5 e 3 mil metros cúbicos por hectare/ano.
“O olival aumenta porque gasta menos água”, explicou ao Público, Luís Mira Coroa, que faz regadio no perímetro de rega da margem esquerda do Guadiana. O agricultor salienta que para as culturas de milho, pastagens, arroz e beterraba “o preço da água é proibitivo”. Para além do custo da água, os agricultores em Alqueva ainda têm de pagar uma taxa de conservação de 50 euros por hectare regado. Alguns persistem no regadio “mas regam menos” por causa do nível incomportável do tarifário, ou então, fogem das culturas de ciclo longo (mais tempo na terra) para gastar menos água, salienta Mira Coroa.
Neste momento, “mais de metade da área de regadio em Alqueva está preenchida por olival”, revela José Guerreiro dos Santos, director e coordenador técnico da EDIA. Segue-se lhe o milho com cerca de sete mil hectares e as culturas hortícolas com apenas 250 hectares.