Eleições europeias: Mecanismos europeus no combate à ação climática devem ser adequados às necessidades da agro-floresta portuguesa
A Ambiente Magazine está a auscultar várias vozes em relação às Eleições Europeias, que se realizam a 9 de junho, para descobrir o que é que a próxima comitiva deve priorizar na matéria ambiental. Aqui fica o comentário de Susana Brígido, diretora-geral da 2BForest.
No âmbito do reforço da ambição climática da Europa 2030, com o objetivo de investir num futuro climaticamente neutro para benefício das pessoas, Portugal tem de se afirmar nas políticas e orientações, europeias e nacionais, ajustadas às necessidades da agro-floresta nacional!
A última alteração da Lei Europeia do Clima 2030 acrescentou uma meta de redução de pelo menos 55 % das emissões líquidas de gases com efeito de estufa até 2030, em relação a 1990, em direção à neutralidade climática da UE no horizonte de 2050!
Na estratégia europeia, o setor do uso do solo tem um papel preponderante, considerando a natureza como um aliado vital no combate às alterações climáticas e à perda de biodiversidade, contribuindo para a redução das emissões e a adaptação às alterações climáticas.
Um dos objetivos climáticos europeus é recuperar e aumentar o sumidouro de carbono dos solos da EUE até 2050, por exemplo, a capacidade de absorção de CO2 pelas árvores.
Neste sentido, Portugal tem, por um lado, que afirmar as particularidades do território nos mecanismos europeus decorrentes das especificidades socioeconómicas e ambientais: o país da europa com maior área florestal privada e o país com maior área ardida.
Por outro lado, a estratégia nacional tem de promover mecanismos de mobilização para a gestão ativa e sustentável da floresta, em dois principais eixos:
- Aumentar a resiliência dos territórios aos incêndios florestais, fundamental para a redução das emissões;
- Aumentar a produtividade líquida das áreas agro-florestais, resultando numa maior absorção de carbono.
Para este contributo Portugal deve apostar na valorização da gestão ativa e sustentável das florestas, com foco em ações consertadas de restauro de áreas degradas e/ou abandonadas, e que o mercado nacional, e europeu, de carbono responda às necessidades do Mundo Rural, alargando a elegibilidade das áreas, não apenas à plantação, ou ações similares, mas a inclusão de outras ocupações agro-florestais cuja gestão urge implementar para redução do risco de incêndio e aumento da produtividade líquida dos territórios!