A seca provocada pelo fenómeno El Niño, na África do Sul, ameaça 16 milhões de pessoas em risco de crise de fome, segundo estimativas divulgadas recentemente pelo Programa Mundial de Alimentos (PMA). Na previsão anterior do PMA, publicada em janeiro, 14 milhões de pessoas estavam em risco de passar fome devido à seca.
“A seca não tem precedentes e trouxe outro ano de fome, e penaliza as pessoas mais pobres e vulneráveis com sérias consequências que durarão pelo menos até a próxima colheita em 2017″, explica o PMA no documento. “É evidente que a colheita de milho (alimento base na região) será insuficiente para cobrir as necessidades de cereais da região sem importações maciças”, acrescenta o relatório, lembrando que a África meridional registou entre outubro de 2015 e janeiro deste ano os níveis de chuvas mais baixos desde há 35 anos.
À escassez de chuvas somam-se as altas temperaturas, fatores que afetaram gravemente as colheitas de milho em países como África do Sul, Suazilândia, Zâmbia e Zimbabue, que há algumas semanas declarou estado de emergência nas zonas rurais do país.
Com o final da temporada de chuvas, prevista para abril, as precipitações só chegarão à região no último trimestre do ano, na melhor das hipóteses. O arrefecimento das economias da região devido à queda dos preços das matérias-primas e à crise no setor agrário causada pela seca poderiam comprometer os esforços de alguns países para garantir a segurança alimentar exportando milho e outros produtos, conclui o PMA.