É o momento mais desafiante para o setor que tem à sua responsabilidade um bem escasso, único e essencial à vida: a água. Seja no abastecimento para consumo humano ou na gestão do que dele advém – as águas residuais -, o contexto é altamente complexo a nível global, mas também europeu, nacional e local.
Não só 2025, mas também os anos seguintes irão trazer as consequências cada vez mais presentes e extremadas das alterações climáticas, que irão desde picos de seca e escassez a imprevisíveis cheias.
Este é o (até agora) subestimado alerta de que precisamos: a ameaça para o ambiente e para a vida humana como a conhecemos tem de fazer-nos repensar a forma como consumimos e gerimos recursos. Entre eles, a água, em lugar de destaque por ser vital a todos os ecossistemas.
Mais do que um objetivo, a gestão de água sustentável e eficiente tem de ser uma responsabilidade e esforço assumido em conjunto e em continuidade por empresas, consumidores, responsáveis políticos e económicos.
Na INDAQUA, há muito que assumimos a eficiência como primordial em toda a nossa atividade. Criámos, inclusivamente, sistemas e metodologias que aplicamos nas empresas do Grupo e ainda disponibilizamos a todas as entidades gestoras de abastecimento de água que queiram implementá-los e, com isso tornar-se mais eficientes.
Falamos, concretamente, de projetos de eficiência hídrica e das soluções i2Water.
Os projetos de eficiência hídrica foram pensados para apresentar, no curto prazo, melhorias significativas no volume de perdas registadas nas redes de abastecimento de determinado território. Ou seja, com o conhecimento e experiência que tem nesta área, a INDAQUA aplica tecnologia, recursos e boas práticas necessárias à redução de desperdícios. Implementados os processos, os benefícios de poupança (de água e monetária) mantêm-se para lá do término do projeto que, tipicamente, tem a duração de cinco anos.
A particularidade deste modelo é a sua segurança para a entidade que confia à INDAQUA a responsabilidade de redução de perdas. Para além do investimento ser reduzido – sobretudo, face aos benefícios que apresenta –, grande parte deste só se efetiva quando a INDAQUA alcança as metas de redução a que se comprometeu.
Este final e início de ano é particularmente significativo para os projetos de eficiência hídrica da INDAQUA. Por um lado, estão a terminar, entre 2024 e 2025, os primeiros projetos que implementámos, em Aveiro, Maia e Vila Nova de Gaia. É com grande entusiasmo que vemos que foram cumpridos e, nos 3 casos, até antecipados os objetivos de eficiência que estabelecemos para estes territórios.
Por outro lado, estamos no primeiro ano de dois novos projetos – um em Vieira do Minho e outro que abrange 10 municípios da Águas do Alto Alentejo. Em ambos a meta é ambiciosa: reduzir para cerca de metade o volume de perdas atualmente registado. Falamos de uma poupança global que ascende a milhões de metros cúbicos de água e milhões de euros.
Tal como nos projetos anteriores, vamos aplicar uma abordagem holística à gestão de perdas. Quer isto dizer que será feito um controlo e combate acérrimo tanto às perdas reais (resultantes de roturas, avarias, fugas, entre outros) como às perdas comerciais (resultantes de erros na medição de consumos ou de desvios de água, por exemplo).
Para alcançar estes objetivos, são implementadas ações como deteção e reparação de fugas, substituição de contadores ou sensorização das redes, que permite identificar, através de inteligência artificial, perturbações no abastecimento, alocando equipas para resolvê-las rapidamente no terreno. A implementação de Zonas de Medição e Controlo (ZMC) e Válvulas de Redução de Pressão (VRP) fazem também parte do processo, controlando caudais e pressão de água nas redes, o que evita roturas e respetivas perdas.
A mesma abordagem de controlo de desperdícios é seguida em todas as empresas do Grupo INDAQUA, o que nos permite ter os melhores resultados nacionais nesta área e um volume médio de Água Não Faturada de apenas 11%. Uma realidade muito diferente da preocupante média nacional, próxima dos 30% há mais de uma década.
Olhando, agora, as soluções i2Water, importa explicar que são uma resposta concreta aos desafios da eficiência, mas também da digitalização e da profissionalização de que o setor carece. Trata-se de soluções tecnológicas criadas pela INDAQUA para suportar decisões de gestão, com base em informação confiável, resultante de uma grande quantidade de dados simplificada pela tecnologia.
Três destas soluções são dedicadas à gestão de perdas nas redes de abastecimento. A i2Water Flow garante a monitorização de perdas reais, no abastecimento, e afluências indevidas, no saneamento. Os consumos ilícitos que geram perdas comerciais são identificados pela i2Water Illicit Acts, a que a i2Water Meter adiciona a gestão otimizada de parques de contadores.
Provando que a eficiência se estende para lá da operação, foram ainda criadas a i2Water Works, para gerir fluxos de trabalhos e alocação de recursos técnicos e humanos, e ainda a i2Water Billing. Esta última foi pensada para as equipas comerciais, acompanhando toda a gestão do cliente, desde a contratação à cobrança de serviços, o que torna os processos de faturação mais rigorosos e proveitosos.
Para além da eficiência hídrica, também a energética entrou, nos últimos anos, nas nossas prioridades. Nesse sentido, temos aumentado progressivamente a capacidade de produção própria de energia, através de fontes renováveis. A energia solar e a produção de biogás, cuja produção é instalada em infraestruturas como as Estações de Tratamento de Águas Residuais, permitem-nos garantir 16% do nosso consumo energético de forma autónoma e “verde”.
Os exemplos de atuação que até agora referi são, acredito, prova de uma importante mudança de paradigma, em que as entidades do setor da água e saneamento deixam de ser (e de ser vistas como) apenas consumidoras de recursos, tornando-se também produtoras, agregadoras de valor e de conhecimento que pode ser replicado.
Este caminho de eficiência e sustentabilidade que temos trilhado será também reforçado pela expansão em duas perspetivas: internacional e de abrangência operacional.
A nível internacional, encetámos já um caminho de crescimento no mercado espanhol, através da aquisição de uma empresa em Maiorca. Em 2025, pretendemos retomar a nossa atuação em Angola, contribuindo para o desenvolvimento e maturidade do setor da água em duas províncias (Namibe e Luanda Norte).
Já a abrangência operacional diz respeito ao objetivo de integrar os concursos de concessão de distribuição de eletricidade em baixa tensão que podem ser lançados pelos municípios portugueses até 2025.
Da água à eletricidade, a nível local, nacional e internacional, continuaremos a fazer da eficiência uma resposta concreta aos desafios do setor e (mais do que isso) do planeta, contribuindo para uma utilização respeitosa e valorizadora de um recurso que é de todos.
*Este texto é da responsabilidade da INDAQUA e foi publicado na edição 108 da Ambiente Magazine