EDIA quer potenciar “reserva estratégica” em mais 50 mil hectares
Na sede da EDIA, em Beja, o presidente da gestora do Alqueva aguarda a aprovação do BEI para o plano de investimento de 217 milhões, noticia hoje o Jornal de Negócios. A meta é estender o perímetro de rega em mais 50 mil hectares.
“Hoje, nós não temos uma barragem, temos 69 planos de água”, explica Pedro Salema, debruçado sobre o mapa da EDIA – Empresa de Desenvolvimento e Infra-estruturas do Alqueva, que lidera.
“Entre barragens e reservatórios, são 69 planos de água” – continua o presidente da EDIA. E “todos ligados”. “Umas são «piscinas» grandes, com o tamanho de dois ou três capos de futebol, outras são albufeiras – como Alvito, Vale do Gaio ou Enxoé – que estão ligadas”. “É com este sistema todo que nós conseguimos regar os 120 mil hectares”.
Mas, explica Pedro Salema, “como isto foi sonhado há cerca de 20 anos, os engenheiros calcularam esta rede para distribuir determinada quantidade de água”. Para os 120 mil hectares de extensão de área de intervenção do Alqueva havia um cálculo gasto de seis mil metros cúbicos (m3) de água por hectare.
“O que verificamos é que não estamos, nem de perto, nem de longe, nos seis m3 por hectare”. “De facto”, adianta, a “média anda em cerca de metade”. “Como se regava há 20 anos e como se rega hoje não é igual”. “Hoje regamos com mais ciência, com mais inteligência”.
“Isso é bom para toda a gente”, salienta. “Mas temos aqui uma reserva estratégica que pode ser potenciada”, até porque, recorda as contas do estudo feito por Augusto Mateus, “em cada hectare que convertemos de sequeiro para regadio pomos um zero no VAB [Vakir Acrescentado Bruto]”. O que quer dizer que “se fizermos mais área, pomos mais VAB na região”, conclui.
Segundo o estudo sobre o Alqueva realizado pelo antigo ministro da Economia, ao somar todos os fatores, “a componente agrícola vale, nos 120 hectares [de intervenção do Alqueva], cerca de 250 milhões de euros, por ano [de VAB para o PIB]. “Se se somar a expansão, de mais 50 mil hectares, que estamos a projetar, soma-se mais 95 milhões por ano.”
Identificadas no mapa “as zonas que tinham condições para ser regadas”, além dos 120 mil hectares do projeto inicial do Alqueva de há duas décadas, e que “não tinham problemas ambientais”, chegou a EDIA a 12 áreas novas com perímetro de rega, “que eles [concelhos] querem alargar, ao lado do Alqueva”.
BEI analisa candidaturas
Para levar adiante o aumento do perímetro de 120 para 170 mil hectares,”falta-nos 200 milhões de euros” de investimento necessário. Mais precisamente, 217 milhões de euros. É aqui que entra Bruxelas, via Lisboa. “O ministro [da Agricultura, Capoulas Santos], olhou para isto e entendeu que devia ser integrado num Plano Nacional de Regadio”, para poder recorrer ao apoio do BEI para poder recorrer ao apoio do BEI- Banco Europeu de Investimento, em 50%, “ao abrigo do plano Juncker”. E o resto do montante necessário? Os outros 50% são recursos próprios, que vêm do PDR [Plano de Desenvolvimento Rural]”. “São orientações da Comissão Europeia”, explica, “para potenciar os fundos comunitários com BEI, alavancar um bocadinho a dívida”.
Ao ser responsável, sozinha, pela maior parte do investimento do Plano Nacional de Regadio – 217 milhões de um total de 450 milhões de euros propostos pelo Governo – a EDIA lidera ao candidatura de apoio já entregue ao BEI. “O último contato que tive, no princípio do ano, foi que os técnicos estavam a analisar – estou à espera a qualquer momento de receber uma chamada do BEI para marcarmos uma reunião de discusão.” “E se tudo correr bem, se calhar no final do ano podemos estar a lançar concursos.” O gestor demonstra-se “otimista”, também porque “há muito apoio institucional”. Vai correr bem? “Espero que sim. Seria um grande balde de água fria se não fosse aprovado”.