A Economia Circular está, hoje, subjacente em muitas empresas. Produtos sustentáveis, amigos do ambiente e com um ciclo de vida longo são, cada vez mais, uma opção. Há também quem ponha em prática estes conceitos e desenvolva os seus próprios produtos. Com o objetivo de dar “voz” a projetos de cariz sustentável, a Ambiente Magazine irá, todas as semanas, apresentar algumas iniciativas aos nossos leitores e dar a conhecer o que se faz em Portugal nesta área. Esta semana, partilhamos a plataforma “Vinted”.
Fundada por Milda Mitkuté em 2008, a Vinted surgiu de um “problema muito comum” quando se toma a decisão de mudar da cidade natal: “Midla mudou-se para Vilnius e tinha demasiadas roupas que não estava a usar”, explica Lisa-Marie Berns, manager e porta-voz da plataforma. Foi então que a fundadora decidiu criar uma plataforma com a ajuda de Justas Janauskas: “Juntos, criaram um guarda-roupa online para prolongar o ciclo de vida das roupas que ela já não usaria”. A Vinted foi lançada como um site para um “pequeno círculo de amigos e família de Milda”, mas a notícia logo se soube, e tornou-se um “sucesso instantâneo” na Lituânia. Foi então que em 2009, se expandiu para a Alemanha, e mais tarde a dupla criou a sua própria empresa e começou a crescer internacionalmente, refere.
Trata-se assim de uma plataforma online para moda em segunda mão que dá aos seus membros a possibilidade de “vender, comprar e trocar” artigos de moda entre si: “A Vinted oferece à sua comunidade cada vez maior de mais de 45 milhões de membros em todo o mundo uma plataforma segura e fácil de usar”. A missão, tal como diz Lisa-Marie Berns, assenta em “fazer da moda em segunda mão a primeira escolha”, ou seja, “é responder à nossa crença de que existimos para acelerar o movimento global para o consumo circular”. Por isso, “oferecemos aos nossos utilizadores uma forma de comprar e vender uns aos outros e fazer escolhas mais responsáveis”, sucinta.
Ao fazer da “segunda mão a primeira escolha”, a Vinted está a contribuir para minimizar o impacto da indústria da moda no ambiente: “Acreditamos em usar o que já existe e prolongar o ciclo de vida da roupa, promovendo o consumo circular”. A proposta da plataforma é precisamente dar uma “oportunidade” aos artigos de moda que já não são usados e, em simultâneo, ganhar “dinheiro extra” no processo: “Quando procura algo novo ou as roupas dos seus filhos deixarem de servir, pode encontrar tesouros a ótimos preços de outra pessoa em Vinted”. Como resultado final, “poupa-se recursos usando algo que já viveu um pouco”, ao invés de “comprar novo”, destaca.
Em Portugal, a Vinted surgiu há algumas semanas, pelo que fazer um balanço ainda é prematuro: “Até agora, está a correr de acordo com as nossas expectativas”. Mesmo, havendo um “longo caminho a percorrer”, Lisa-Marie Berns destaca o “grande entusiasmo” por chegar ao mercado português: “Estamos ansiosos por nos aproximarmos um passo da nossa missão juntamente com o povo português”.
Quanto ao futuro, a responsável refere que, neste momento, as equipas estão a trabalhar continuamente na “otimização” das plataformas existentes e no desenvolvimento de “novas ferramentas e funcionalidades” para que os membros possam “comprar e vender” sempre em segurança: “Continuaremos a crescer nos nossos mercados existentes e completar a fase de lançamento com sucesso nos nossos mercados mais recentes (Portugal e Canadá)”.
Fazendo um “ponto de situação” de Portugal relativamente às temáticas sobre economia circular e moda sustentável, Lisa-Marie Berns recorre a uma das conclusões do estudo de mercado que fizeram para dizer que, apesar da compra de roupa em segunda mão não ser uma prática popular, os portugueses estão “definitivamente” abertos para tal: “Vemos muito potencial no mercado e estamos ansiosos para impulsioná-lo através da nossa plataforma, tornando o consumo circular um hábito fácil e natural”. Antes do lançamento, conta a responsável, o apoio ao cliente recebia, às vezes, mensagens de pessoas que “tinham a oportunidade de explorar a Vinted a viver no estrangeiro” e que também “queriam usar plataforma em Portugal”. Ainda sobre o inquérito, Lisa-Marie Berns quis partilhar algumas das conclusões “encorajadoras” para acreditar que Portugal tem potencial para crescer no mercado de segunda mão, entre elas o facto de “mais de metade das compras de moda foram feitas online no ano passado”, além de que “aspetos financeiros e de sustentabilidade são os principais impulsionadores para os portugueses comprarem em segunda mão”. O mesmo inquérito aponta também que “cerca de 50% das pessoas pediram para optar por vender os seus artigos de moda que não utilizam para de gerar algum dinheiro extra”.
Voltando o nível de atuação de Portugal no que diz respeito às matérias de sustentabilidade, Lisa-Marie Berns considera que todos têm um papel a desempenhar na construção de um futuro sustentável: “Como cidadãos e como consumidores, as nossas escolhas são essenciais, e o nosso comportamento pode ajudar a inspirar os outros”. Enquanto empresa, “acreditamos que também temos um papel a desempenhar nesta matéria, tornando a moda em segunda mão uma opção mais acessível, segura e simples”, precisa.
Quais as perspetivas para o futuro sobre estas matérias?
A tendência da segunda mão iniciou-se há vários anos e faz parte de um movimento geral para hábitos de consumo mais responsáveis. Hoje em dia, há definitivamente uma aceitação mais ampla para roupas em segunda mão na sociedade. Tentamos responder com a nossa aplicação a várias motivações inerentes à segunda mão (motivações económicas, consumo circular, estilo…) e colocar a nossa experiência tecnológica ao seu serviço, incentivar e facilitar a transição para segunda mão e torná-la um hábito natural.
Com as crescentes preocupações com a economia circular e o consumo responsável, cada vez mais pessoas verão a moda em segunda mão como uma primeira escolha. Como explicado anteriormente, estamos aqui para tornar as coisas mais fáceis e acessíveis através de um formato de App intuitivo para todos os que o tornam amplamente aceite.