A Economia Circular está, hoje, subjacente em muitas empresas. Produtos sustentáveis, amigos do ambiente e com um ciclo de vida longo são, cada vez mais, uma opção. Há também quem ponha em prática estes conceitos e desenvolva os seus próprios produtos. Com o objetivo de dar “voz” a projetos de cariz sustentável, a Ambiente Magazine irá, todas as semanas, apresentar algumas iniciativas aos nossos leitores e dar a conhecer o que se faz em Portugal nesta área. Esta semana, partilhamos o “Programa de Sustentabilidade”, da Green Media.
Destinado para as empresas e para as instituições, o “Programa de Sustentabilidade” pretende ser um acelerador para a rota da sustentabilidade. Trata-se assim de uma “proposta de cultura green nas organizações” e uma “visão verde para o futuro”, que visa “identificar qual o enquadramento da atividade” no âmbito da economia circular.
De acordo com Isabel Augusto, diretora-geral e fundadora da Green Media, tudo começa com uma “fase de diagnóstico” onde se “identifica a situação atual”, a “análise dos últimos procedimentos green realizados” e qual “plano já identificado para o futuro”. Após esses procedimentos aplica-se o Programa de Sustentabilidade que intervém com uma “proposta de ação complementar” assente nos pressupostos e metodologia do mesmo: “Gerir investimentos sustentáveis e almejar a máxima eficácia de acordo com o leque de opções de resolução do seu domínio, nomeadamente os que a entidade tem como fontes de maior impacto no ambiente e da sua responsabilidade”.
Segundo Isabel Augusto, a “preparação dos principais setores da economia portuguesa para a economia circular” e a “adequação necessária para a alteração e transformação de atividade, processos e sistema organizacional” implica uma “revisão global” que coloca o “ambiente” no centro da visão de futuro e a responsabilização do impacto decorrente da atividade em exercício. E a meta de 2030 delineada no Acordo de Paris implica também que haja um processo transformacional maior: “O Programa provê um grupo de consultores especialistas nesta área e um em particular para cada um dos 18 principais setores de atividade da economia portuguesa e algumas iniciativas transversais globais para que Portugal possa vir a ser um case study para a Europa”.
Se a base da economia circular é o ambiente, torna-se claro que a “redução dos danos atuais” e a “compensação inerente das indústrias, empresas, setores e marcas” terá um “peso enorme” na preservação e proteção do meio ambiente. Depois, acrescenta a diretora-geral da Agência de Comunicação, o “despertar do consumidor verde como decisor e principal influenciador” traz para os diversos setores uma “pressão obrigatoriamente maior e de transformação para uma nova realidade de imagem de marca e de preferência no mercado”, o que agita as “posições de liderança convencionais em cada setor”. Esta ascensão do “novo consumidor green” é uma realidade que impõe uma “pressão empresarial e institucional” cada vez maior: “O objetivo é levar cada entidade a executar e elevar ao expoente máximo o seu plano de sustentabilidade”, afirma.
[blockquote style=”2″]Queremos fazer a diferença e ajudar o nosso país a ter uma melhor performance até 2030[/blockquote]
O ano de 2020 foi o de lançamento e o 2021 foi o de apresentação do programa: “Como é taylor made, não é sempre igual e implica que cada empresa ou instituição por setor e região se familiarize não só com o seu modus operandi como também com a sua dimensão, transversalidade e globalização, de áreas, profissionais e representantes envolvidos”. Por isso, diz a responsável, é normal começar pelo Departamento do Ambiente e depois reunir com o presidente ou com os responsáveis das várias áreas e departamentos envolvidos: “Sustentabilidade não é só ambiente, é a visão da Administração, dos recursos humanos, financeiro, comercial, marketing ou logística”, precisa.
De acordo com a responsável, a tendência green já era previsível antes da pandemia: “Em 16 anos de green, já vi várias vagas de viragem para o verde e esta é claramente a mais genuína por isso não podia estar mais feliz por confirmar não só a recetividade como a vontade das empresas e das organizações enveredarem para a rota da sustentabilidade”.
Quanto ao futuro, são vários os projetos em desenvolvimento: “Uns dentro do próprio programa como clusters para determinados setores e temas e outros da própria evolução do Programa, seja a nível institucional, como internacional”. Ao longo do corrente ano, vão continuar a “apresentar os elementos do Comité” e a “promover as primeiras iniciativas de ação, individual e em conjunto”, refere, revelando que já têm “várias manchetes a sair” que em breve serão partilhadas. Segundo Isabel Augusto, está também previsto continuar a ter “muitas apresentações do Programa” e, ainda, “propostas de colaboração, especialmente para o ano zero”. A grande ambição é “desenvolver pelo menos um programa de sustentabilidade para cada um dos 18 setores da economia portuguesa” e, assim, deixar o legado para os respetivos mercados. Por outro lado, têm “iniciativas institucionais” do programa para Portugal e procuram até 2030 apresentar todos os anos uma “grande iniciativa global” dentro dos temas prioritários que já estão identificados: “Queremos fazer a diferença e ajudar o nosso país a ter uma melhor performance até 2030 e de acordo com o compromisso que assinou, procurar a melhor estratégia e dinâmica para cada um deles”.
[blockquote style=”2″]Gostávamos muito de ajudar Portugal a ser um case study para a Europa[/blockquote]
Relativamente às temáticas da Economia Circular, Isabel Augusto considera que Portugal não está bem classificado, mas os outros países também não: “Vivemos todos uma crise pandémica global que apesar das oscilações é urgente combater. Creio que a nível mundial este argumento é consensual”. Por isso, o desafio da pandemia é encarado como forma de refletir sobre o papel do cidadão e qual o contributo possível nesta matéria: “A economia circular que todos almejamos está longe e lá no futuro”. Do ponto de vista da responsável, a “transformação”, a “adequação” e “reorganização” são “fases evolutivas importantes”, sendo precisamente em cada uma delas que o Programa de Sustentabilidade que estar: “Gostávamos muito de ajudar Portugal a ser um case study para a Europa. Que este modelo, estratégia e metodologia pudessem representar um exemplo de sucesso e uma forma viável de conseguir mais e melhores resultados na tal transformação global que a economia circular implica”
Olhando para o contexto atual, a diretora-geral da Green Media acredita que a mais-valia da consultoria é o “foco nas soluções”, em melhores resultados, desempenhos e funcionalidades: “Muitos delegam na tecnologia os avanços mais significativos para esta pasta, mas eu creio que vamos identificar muitos outros tão ou mais importantes e críticos de sucesso”. Contudo, é certo que tecnologia é “disruptiva” e “rompe com os modelos conhecidos e de organização e funcionamento” e, como tal, identificaram no Programa de Sustentabilidade as “pontes com as unidades de Investigação e Desenvolvimento” que “serão importantes células do Programa”, inclusive de “soluções Made in Portugal”, declara.
Quanto a Portugal, Isabel Augusto considera que é fundamental “controlar a pandemia e a crise económica e social consequente” mas também e tão importante é “apreender as lições” que se retiram dela: “Perceber que internamente pudemos produzir bens que estávamos a importar como as máscaras cirúrgicas e que foi possível reorganizar indústrias em queda para esta produção, que a cultura do teletrabalho e das reuniões digitais funciona e é tão ou mais eficiente, sem impacto no ambiente, viagens ou deslocações”. E o papel dos políticos nesta matéria é “gigante”, visto que “podem ter um contributo significativo na viragem de certos setores para a sustentabilidade”, afirma, ressaltando a importância de “incentivos para as empresas e para os particulares”, assim como a “promoção institucional da sustentabilidade na política do país, na gestão do orçamento e dos fundos da União Europeia”. De acordo com a responsável, são “vários os exemplos de registo desta análise” e que são do conhecimento de todos, desde o combustível fóssil, às obras de reabilitação, comparticipação de investimentos de produção de energia: “Sem paralelismos de cores, se a política em Portugal for mais green não tenho dúvidas que acelerará a capacidade de chegarmos mais rapidamente à economia circular”.
Quais as perspetivas para o futuro sobre estas matérias?
A integração das iniciativas de sustentabilidade em programas de co-financiamento e fundos de apoio, como houve para a inovação, internacionalização, etc.