A Economia Circular está, hoje, subjacente em muitas empresas. Produtos sustentáveis, amigos do ambiente e com um ciclo de vida longo são, cada vez mais, uma opção. Há também quem ponha em prática estes conceitos e desenvolva os seus próprios produtos. Com o objetivo de dar “voz” a projetos de cariz sustentável, a Ambiente Magazine irá, todas as semanas, apresentar algumas iniciativas aos nossos leitores e dar a conhecer o que se faz em Portugal nesta área. Esta semana, partilhamos o projeto “Lusquinos”.
Criada em 2006, na cidade de Felgueiras, a marca Lusquinos provém do nome de família, algo que torna o projeto ainda mais especial e único. Quem o diz é Francisco Lusquinos, CEO da marca, destacando que a preocupação com o ambiente e a sustentabilidade foram a razão pela qual decidiram apostar neste projeto: “É importante refletirmos nos nossos atos e no nosso quotidiano e questionarmo-nos de que forma é que podemos contribuir para a saúde do nosso planeta”. Depois, a experiência de mais de 30 anos na indústria do calçado foi o “ingrediente final” para afirmação desta marca no mercado: “A nossa missão tornou-se numa procura constante por soluções disponíveis que contribuam para uma redução da pegada de carbono sem nunca comprometer a qualidade e o design”. A “consciencialização ambiental” é, assim, o grande objetivo deste projeto: “Queremos dar resposta a uma procura mundial sem deixar para trás a responsabilidade social bem como a economia local”, refere.
De acordo com Francisco Lusquinos, os valores desta marca centram-se, essencialmente, na “criação de calçado sustentável e biodegradável”. Na altura, lembra o responsável, estiveram em cima da mesa “várias soluções” para o desenvolvimento do calçado, nomeadamente, componentes recicladas: “Mas, quisemos ir mais além pois precisamos que a produção de plásticos seja reduzida, precisamos de dar espaço ao planeta para que respire e se renove”. Foi com base nesta premissa que surgiu o lema: “Sem plástico. Sem cedências”, refere. Outro dos objetivos que fazem parte da marca é, precisamente, “apoiar o crescimento económico local” permitindo às “empresas mais pequenas manter e criar mão-de-obra sustentável” para ajudar no crescimento socioeconómico: “A partir daí, começou a nossa aventura”, destaca. Ao nível ambiental, Francisco Lusquinos não tem dúvidas sobre as vantagens deste projeto. Desde logo, explica o responsável, “as matérias-primas utilizadas não têm origem em produções intensivas: são matérias orgânicas, como a cortiça, o bio couro, o crepe e o algodão orgânico”. Portanto, são “biodegradáveis”, não existindo “tratamentos químicos em nenhuma das fases dos diferentes processos”, refere, assegurando que, no final, trata-se de um “produto biodegradável que vai ao encontro do lema que defendemos”. Mesmo tendo sido “desafiante” o caminho até ao “produto desejável”, Francisco Lusquinos afirma que a procura pro novas soluções é contínua: “Queremos ter alternativas para nunca utilizarmos matérias-primas cuja procura e exploração sejam intensivas, e assim conseguimos cumprir com o nosso foco: sustentabilidade!”.
Até à data, o balanço não podia ser mais positivo: “Apesar da pandemia que estamos a enfrentar, temos conseguido superar e chegar ao nosso publico”. Aliás, a “aceitação” e, principalmente, a “compreensão” do projeto tem sido, segundo o CEO da Lusquinos, o “oxigénio” para continuarem: “É com grande satisfação que percebemos que a sustentabilidade não é apenas uma moda, mas começa sim a ser um modo de vida”.
[blockquote style=”2″]Nós precisamos do planeta e o planeta precisa de nós[/blockquote]
Quando olham ao futuro, Francisco Lusquinos afirma que o desejo é atingir um “crescimento sustentável” no setor e, ao mesmo tempo, “ver a mudança nos consumidores: desejamos ver consumidores cada vez mais conscientes e informados”. Outro desejo partilhado pelo responsável é que “o crescimento seja acompanhado pelos parceiros comerciais”.
Relativamente às temáticas Economia Circular, o CEO da Lusquinos acredita que Portugal está no caminho certo. Ainda assim, o caminho a percorrer é longo: “Falta uma visão estratégica, alicerçada por políticos capazes e proativos. Temos o know know e temos recursos, talvez falte um maior compromisso para com as questões ambientais”. Também, a mudança de mentalidades é ainda um desafio que urge ser combatido: “O português tem de ter consciência dessa mudança e dos motivos que levam a essa mudança”, atenta. Nesse sentido, a sensibilização deve ser constante: “Só assim evoluímos”. Por isso, na ótica de Francisco Lusquinos, é fundamental “adotar um estilo de vida” que respeite o ambiente e que seja sustentável: “Não pode ser uma moda porque as modas passam, mas o planeta precisa de nós agora e sempre”. Trata-se de conseguir tornar esta “simbiose perfeita: nós precisamos do planeta e o planeta precisa de nós. E como em qualquer relação o respeito é a base”, defende.
Quais as perspetivas para o futuro sobre estas matérias?
Acreditamos que no futuro haja uma maior consciencialização sobre estas matérias. Aliás estamos a trabalhar para isso. Mas também temos de ser realistas, e precisamos já de uma mudança: o planeta precisa de se restruturar e nós não estamos a dar esse tempo. Temos de respeitar o nosso planeta.