A Economia Circular está, hoje, subjacente em muitas empresas. Produtos sustentáveis, amigos do ambiente e com um ciclo de vida longo são, cada vez mais, uma opção. Há também quem ponha em prática estes conceitos e desenvolva os seus próprios produtos. Com o objetivo de dar “voz” a projetos de cariz sustentável, a Ambiente Magazine irá, todas as semanas, apresentar algumas iniciativas aos nossos leitores e dar a conhecer o que se faz em Portugal nesta área. Esta semana, partilhamos a empresa “Carmo Wood”.
A Carmo Wood é composta por um conjunto de 10 empresas, com sede em Portugal, e todo o processo de transformação, criação de produtos e desenvolvimento técnico é português. A empresa oferece assim uma vasta gama de produtos no território nacional e além-fronteiras, em setores tão distintos como a agricultura, mundo equestre, construção, turismo, lazer, segurança e telecomunicações.
O Grupo Carmo Wood iniciou a sua atividade industrial em 1980: “Em particular, desenvolve soluções com base na madeira tratada industrialmente por vácuo e pressão, sendo já a maior empresa europeia em soluções de exterior e interior em produtos de madeira tratada, em número e volume”, diz Jorge Milne e Carmo, presidente da Carmo Wood. De acordo com o responsável, a atividade industrial começou pela “produção de madeiras, tratadas em autoclave, para agricultura e postes para linhas aéreas”. E alargou-se a produtos como “parques infantis, mobiliário rústico e urbano e ainda decks”, refere, adiantando que, “mais tarde as estruturas de madeira com base na engenharia permitiriam desenvolver o negócio a casas para habitação, escritórios, grandes estruturas de cobertura, pontes e outras soluções”. Recentemente, o Grupo desenvolveu “linhas modernas” de Mobiliário Urbano e de Jardim e vários equipamentos de exterior, sempre em “madeira tratada de máxima qualidade”, assegura Jorge Milne e Carmo.
[blockquote style=”1″]Madeira tratada: uma economia verdadeiramente circular[/blockquote]
A madeira tratada, de acordo com o empresário, é um “material de construção, fornecido e renovável pela natureza, com um desempenho previsível, que retira e bloqueia o carbono da atmosfera durante décadas, com um baixo teor energético e uma estética agradável, apreciada por quase todos”. Aliás, “os conservantes de madeira foram um dos primeiros produtos biocidas sujeitos a regulamentação e padronização em relação a essas características e, consequentemente, agora são aceites como seguros e eficazes”. A madeira tratada é o material escolhido em “todas as situações” em que suas características a tornam adequada: “Com essa proteção, os designers podem escolher entre os principais materiais renováveis e sustentáveis”, explica.
E, quando as estruturas chegam ao “fim de sua durabilidade”, o presidente Carmo Wood refere que a madeira tratada pode ser “segregada para uso em cascata” e a “reciclagem pode potencialmente prolongar a sua existência indefinidamente”. E, mesmo quando a “eliminação se torna a única opção, a geração de energia pela queima devolve o carbono à atmosfera, onde é transformado em madeira pelas árvores, usando a energia da luz solar”, refere. Como a quantidade de CO2 emitida pela combustão não é mais do que a quantidade anteriormente armazenada, a “queima de madeira é neutra em carbono: uma economia verdadeiramente circular”, vinca.
Um bom exemplo que mostra o potencial deste material é o manual “Madeira Tratada – Uma Escolha Sustentável” da WEI (European Institute for Wood Preservation), do qual a Carmo Wood é membro, e que usa “quatro exemplos” em que o uso de madeira tratada demonstra as suas características de sustentabilidade: “madeira para construção, travessas ferroviárias, postes para eletricidade e telecomunicações, paisagismo e deck”. Além disso, refere o responsável, “estabelece as credenciais da Economia Circular da madeira tratada” e “destaca a importância das melhores práticas e educação de designers, especialistas, instaladores e usuários e como a indústria da madeira tratada lidera no desenvolvimento de orientações e programas para ajudar esses grupos a otimizar o uso sustentável de madeira tratada”.
Também, o “CEI-Bois”, uma Confederação Europeia das Indústrias da Madeira, da qual, um membro do WEI, e por sua vez da qual é membro a Carmo Wood, demonstra, no novo livro “Wood: Building the Bioeconomy”, como a “União Europeia pode reduzir as emissões enquanto aumenta a produção” e “apela aos políticos que coloquem a madeira no centro dos seus planos, ao invés de usar materiais de alto teor energético, como o aço e o plástico”.
Jorge Milne e Carmo não tem qualquer dúvidas acerca das mais valias deste produto: “A madeira é renovável, sustentável e pode ser usada, reutilizada e reciclada. É um produto modelo para a transição da Europa para uma economia circular destinada a aumentar a competitividade global, promover o crescimento económico sustentável e gerar novos empregos”.
O responsável destaca que, atualmente, existe um “grande foco” nos materiais utilizados na construção de edifícios com o objetivo de “determinar o seu impacto ambiental no fim de vida”. Se se imaginar “um prédio construído com base em betão, aço e alumínio”, também tem de ser percecionada a sua demolição, tendo em conta fatores como a quantidade de “energia necessária disperdida para a demolição”, “como reciclar” os produtos resultantes” ou “qual a energia necessária para os transportar e onde vão ser depositados”. Aplicando estes fatores a edifícios de igual volumetria mas em que a base de construção é madeira (na estrutura, revestimento, isolamento, parquets, caixilharias, etc.), verifica-se que a sua demolição é executada com “uma ínfima percentagem” de energia e de preocupações com a reciclagem, quando comparado com um edifício em betão e aço: “O transporte de resíduos será inferior a dez vezes e a reciclagem possível, além de que a sua transformação em energia será fácil e pacifico”. Olhando para estes aspetos, Joge Milne e Carmo é perentório: “A madeira é o material de construção do século XXI”.
[blockquote style=”2″]Orgulhamo-nos de aproveitar quase a 100% os desperdícios gerados[/blockquote]
Para a Carmo Wood a economia circular é vista como um “elemento-chave” para promover o crescimento do negócio controlando e gerindo de forma eficaz os seus recursos:
“Orgulhamo-nos de aproveitar quase a 100% os desperdícios gerados. Entre reciclagem, desenvolvimento de subprodutos e criação de combustível, a empresa consegue ter uma pegada ecológica muito reduzida. E como é que o fazemos? A Carmo Wood pensa diariamente na inovação dos seus processos de fabrico e produtos e esse ADN interno permite repensar todos os nossos fluxos de produção e garantir que efetuamos a melhor gestão energética possível, combinando a utilização de desperdícios gerados na nossa cadeia de valor.No final do dia temos o melhor dos dois mundos, uma gestão energética eficaz com desenvolvimento de novos produtos e poder oferecer todas as soluções aos problemas dos nossos clientes.