#Economia Circular: Águas do Tejo Atlântico quer “VIRAr mentalidades, VIRAr conceitos e VIRAr hábitos”
A Economia Circular está, hoje, subjacente em muitas empresas. Produtos sustentáveis, amigos do ambiente e com um ciclo de vida longo são, cada vez mais, uma opção. Há também quem ponha em prática estes conceitos e desenvolva os seus próprios produtos. Com o objetivo de dar “voz” a projetos de cariz sustentável, a Ambiente Magazine irá, todas as semanas, apresentar algumas iniciativas aos nossos leitores e dar a conhecer o que se faz em Portugal nesta área. Esta semana começamos com a mais recente ação da Águas do Tejo Atlântico.
Tudo começou com o lançamento de uma campanha de sensibilização e de comunicação que pretendia ser “diferenciadora” e orientada para um “futuro sustentável”, começa por explicar Marcos Batista, responsável pela comunicação da Águas do Tejo Atlântico. O objetivo passava por “evidenciar que a água”, após “usada” e “reciclada” nas Fábricas de Água (onde é tratada como matéria-prima plena de recursos para usar, reutilizar, reciclar e valorizar), “está apta para diversos usos”, permitindo “poupar as reservas de água potável para consumo humano e usos mais nobres”. Este projeto, que dá “corpo” à estratégia empresarial da Tejo Atlântico, levou então ao desenvolvimento da campanha “VIRA”, materializada através da “primeira cerveja portuguesa sustentável” fabricada a partir de “água reciclada (água+)” com “tratamento adicional” através de “ozonização e osmose inversa”, refere o responsável.
“VIRAr mentalidades, VIRAr conceitos e VIRAr hábitos”: este é o grande foco da ação. “Pretendemos contribuir para a necessária alteração de comportamentos da população, no que respeita ao consumo da água e revelar o seu potencial atual enquanto recurso circular”, diz Marcos Batista. É certo que as “alterações climáticas” e as suas “consequências diretas”, como as “secas prolongadas” ou a “escassez de água”, fazem despertar a necessidade de agir rapidamente e bem. E, por isso mesmo, urge “mudar o paradigma linear atual” e, ao mesmo tempo, “concertar as comunidades na circularidade económica exigida”, onde a “água” é um “fator essencial para a saúde pública, para o ambiente e para o bem-estar”, ressalta.
Para além da “sensibilização” e da “adoção de boas práticas ambientais” , a “VIRA” quer também “mostrar que a tecnologia” permite “produzir água reciclada de diferentes qualidades e em segurança”, de acordo com o fim a que se destina, destaca Marcos Batista. A “água+”, segundo o responsável, é “reciclada nas Fábricas de Água” e pode ter a “qualidade exigida para vários usos não potáveis” como, por exemplo, “industriais, agrícolas, lavagens de ruas ou a rega de espaços verdes”. Assim, a “produção de várias qualidades de água+” adequadas a “cada finalidade” e de acordo com as “exigências de segurança e de saúde pública” contribui para a “economia circular”, para a “eficiência do setor da água” e para a “sustentabilidade do planeta”. “Se podemos fazer cerveja com água+, porque ainda se lavam ruas com água potável?”, questiona.
Marcos Batista frisa que este projeto quer “ajudar a preparar” as comunidades para as “já necessárias e complexas alterações de mentalidade face ao novo paradigma” das alterações climáticas e da gestão de recursos naturais do planeta. O responsável lembra que os recursos do planeta para um ano se esgotaram em agosto passado, mesmo com o confinamento. Em 2019, o mesmo aconteceu em julho, frisa.
A importância que Portugal dá à “água”
Quando o tema é “água”, a Tejo Atlântico tem um objetivo: “estimular os processos de inovação, de forma a serem encontradas soluções sustentáveis na gestão eficiente da água”, sublinha o responsável, apelando para a necessidade de que o conceito “água para reutilização” deixe de ser “abstrato” e passe a ser uma “realidade”. E a verdade é que a “reutilização de água” não é uma novidade em muitos países como Espanha, Chipre ou Israel. Já em Portugal, o responsável destaca que já “existem bons exemplos”, acreditando que na próxima década irão multiplicar-se.
No entanto, o “nosso país não tem”, de forma geral, uma “preocupação com a água”. E, apesar da “atenção dos cidadãos estar virada para o ambiente”, o responsável considera que “a mentalidade ou os hábitos realizados em prol deste bem comum ainda não estão mecanizados pela grande maioria nem no seu leque de principais preocupações”. A razão é clara: “Mudar hábitos de conforto não é fácil. É preciso muita segurança e informação mas também fatores como necessidade e oportunidade”, sublinha.
A pandemia da Covid-19 é algo que ninguém pôde antecipar ou prever. Marcos Batista acredita que, “hoje, existe consciencialização” de que uma “calamidade mundial” pode “afetar todos os habitantes” do planeta, algo que, do ponto de vista de mudança de atitude, é um “fator determinante”. Se a água é um “bem escasso” e se “existe tecnologia” que a “trata e transforma” em “subprodutos válidos para reintegrar o processo económico”, o desafio é “antecipar e mudar efetivamente as atitudes e mentalidades para uma necessária economia circular”.
O setor da Água daqui a 30 anos…
“Gostaria de pensar num setor onde o Ciclo Urbano da Água fosse gerido de forma eficiente e com a escala necessária para concretizar e racionalizar os investimentos necessários, de forma a que o serviço da água fosse universal e equitativo em todo o país. Um ciclo da água sustentado por um reaproveitamento de recursos, onde a produção de energia assegurasse 100% o autoconsumo e o reaproveitamento, de água e lamas fosse significativo ou total. E que nunca se parasse de VIRAr os comportamentos para um Planeta Sustentável”.
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