A Economia Circular está hoje subjacente em muitas empresas. Produtos sustentáveis, amigos do ambiente e com um ciclo de vida longo são, cada vez mais, uma opção. Há também quem ponha em prática estes conceitos e desenvolva os seus próprios produtos. Com o objetivo de dar “voz” a projetos de cariz sustentável, a Ambiente Magazine irá, todas as semanas, apresentar algumas iniciativas aos nossos leitores e dar a conhecer o que se faz em Portugal nesta área. Esta semana, partilhamos a ação do Museu da Água de Coimbra, integrante na empresa Águas de Coimbra.
Nasceu em outubro de 2009 e tem a circularidade no seu ADN. Trata-se de um projeto que tem como base “transformar telas de divulgação” das iniciativas do Museu da Água de Coimbra em “produtos ecodesign para venda na loja do museu”. Uma mais-valia identificada por Ana Santos, coordenadora do Museu da Água de Coimbra, é o facto de mostrar “uma das grandes prioridades do Museu: a promoção da circularidade dos produtos”. Já há muito que o “considerável número de telas publicitárias e lonas acumuladas nos arrumos” e sem utilidade era um problema: “Depois de encontrarmos o parceiro estratégico, surgiram as primeiras peças”, recorda a responsável, que dá como exemplo o “conjunto diversificado de artigos de uso diário que, pelas diferentes dimensões, permitem o quase total reaproveitamento da lona”.
“Dar vida a um produto em fim de vida que tinha como destino final o lixo” é o grande objetivo do projeto do Museu da Água de Coimbra. Para além de “reduzirmos o impacto no meio ambiente”, esta iniciativa contribui também para a criação de postos de trabalho, uma vez que “as peças são feitas à mão”, destaca a responsável.
Não restam dúvidas quanto às vantagens deste projeto e, por isso mesmo, o futuro é promissor: “Pretendemos continuar e queremos desenvolver novos produtos, feitos a partir de materiais variados, desperdícios variados e não apenas feitos com as telas de divulgação”. Muito importante também é “continuar a apelar e consciencializar os visitantes” do Museu da Água de Coimbra, para “a necessidade de fazermos diferente”, sustenta Ana Santos, reforçando a urgência de “fazer outras escolhas”, evitando o “uso de produtos de utilização única ou de novos produtos” que, para “o seu fabrico, obriguem à utilização de mais recursos”. Acima de tudo, este projeto é “um olhar para o futuro, para as novas gerações e para o bem-estar e equilíbrio do homem-natureza”, declara.
“As pessoas só deixam de fazer escolhas erradas se tiverem de pagar por tal opção”
A Economia Circular é algo que já não deixa ninguém indiferente. Mas, numa visão global, como estará Portugal relativamente a outros países? Ana Santos não tem dúvidas de que a Comissão Europeia está no “pelotão da frente rumo à economia circular” e Portugal está “alinhado com as políticas europeias”. E um bom exemplo disso foi a “criação do Fundo Ambiental” e um “conjunto de programas de apoio”, refere a responsável. No entanto, há ainda falhas como, por exemplo, “formar” ou “definir políticas e fiscalizar”, refere a responsável, acreditando que as “pessoas só deixam de fazer escolhas erradas se tiverem de pagar por tal opção”.
Já no que diz respeito à educação ambiental, esta deve ser cada vez mais promovida junto das comunidades locais e adaptada a cada região, como é o caso do Museu da Água da empresa municipal Águas de Coimbra: “Temos a Estratégia Nacional de Educação Ambiental (ENEA 2020), que estabelece um compromisso para a formação e promoção de uma sociedade ativa, que contribua para o desenvolvimento sustentável e para o uso racional e eficiente dos recursos”.
Ainda em matérias ambientais e em contexto pandémico, há desafios que já estão a surgir: “A Covid-19 veio dar um enorme destaque às questões ambientais e a necessidade de repensarmos hábitos”. Contudo a pandemia, sustenta a responsável, também “travou algumas boas práticas que já estavam a ser implementadas”, nomeadamente os plásticos, estando a agravar o “problema dos produtos descartáveis e de utilização única”.
No que diz respeito ao meio-ambiente, Ana Santos afirma que “tudo depende do contributo de cada um” e é esse mesmo o foco do Museu da Água de Coimbra, enquanto espaço de sensibilização: “Cabe-nos encontrar ferramentas para formar o público para que sejam feitas as escolhas certas”.
O setor da Água daqui a 30 anos…
“Olhando para o passado, a diferença é abismal e muito positiva, nomeadamente ao nível das infraestruturas, modernização, cobertura e qualidade dos serviços de abastecimento de água, saneamento e águas residuais. Quero acreditar que, daqui a 30 anos, vamos estar ainda melhor e mais próximos e conscientes das questões ambientais e cientes da necessidade de preservar os recursos que constituem a terra – a casa comum!”.
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