Um grupo de ecologistas advertiu ontem que, três anos após a assinatura por 195 países do Acordo de Paris para combater as alterações climáticas, o protocolo pode estar em risco pelas divergências dos Estados no financiamento, noticia a Lusa.
“Há uma dúzia de países, liderados pela posição dos EUA, que recusam propostas para avançar com mecanismos de financiamento”, denunciou a representante do grupo ecologista Friends of the Earth, Rachel Kennerly.
Falando aos jornalistas no âmbito da conferência sobre as alterações climáticas, que terminou ontem em Banguecoque, na Tailândia, a ecologista britânica Rachel Kennerly apelou, por isso, aos países que lutam contra este tipo de fenómenos, bem como à União Europeia, para que dêem “um passo em frente” na concretização dos objetivos do Acordo de Paris, deixando de lado “as ambições” da Administração norte-americana.
No Acordo de Paris ficou assente que os países desenvolvidos têm de contribuir, a partir de 2020, com 100 mil milhões de dólares por ano (cerca de 87 mil milhões de euros), para ajudar os Estados mais desfavorecidos a lutar contra as alterações climáticas e a mitigar os seus efeitos.
Mais de 1.400 delegados de 190 países e da União Europeia participam nesta conferência, que hoje termina e que tem como objetivo chegar a um acordo sobre um quadro de orientações e regras para serem aprovadas na Cimeira do Clima (COP 24), que se realiza na Polónia em dezembro.
As orientações devem ter presentes o Acordo de Paris (2015), que apresenta um plano de ação destinado a limitar o aquecimento global a um valor abaixo dos dois graus centígrados, entre outras medidas.
Esta conferência de Banguecoque é a última oportunidade de avançar as negociações antes da COP 24, após o fraco progresso conseguido na reunião preparatória realizada em maio passado na cidade alemã de Bona.
Intervindo na ocasião, o porta-voz da organização não-governamental ActionAid International, Harjeet Singh, culpou a “crise” financeira pela “falta de confiança” entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento para a atribuição de verbas no âmbito do Acordo de Paris.
Já Jesse Bragg, da associação Corportate Accountability, recusou “permitir que Trump e os grandes grupos económicos [da indústria dos combustíveis] continuem a quebrar o Acordo de Paris”, lembrando a intenção dos EUA em abandonar tal pacto até novembro de 2020.
Por seu lado, a responsável da associação Asian People’s Movement on Debt and Development, Lidy Nacpil, disse esperar que os países desenvolvidos “tenham noção de que estas ações refletem uma negação clara das suas responsabilidades”, falando ainda na “urgência” das negociações antes da COP 24.