Há um combustível que reduz, de forma comprovada, 99,75% das emissões de CO2 na indústria. A Ambiente Magazine foi desafiada pela Eco-Oil a descobrir como se produz o EcoGreen Power.
“Trata-se de um fuel sustentável produzido em Portugal, com recurso exclusivo a resíduos perigosos, provenientes das águas contaminadas em navios-tanque”, começa por explicar Nuno Matos, acrescentando que, “através do tratamento dessas águas conseguimos recuperar uma fração de hidrocarbonetos que é a matéria-prima utilizada para a produção do EcoGreen Power”.
Questionado sobre as valias deste fuel, o diretor-geral da Eco-Oil assegura que o EcoGreen Power, além de “substituir integramente o combustível fóssil”, permite dar resposta às “metas de descarbonização na indústria”, tão necessárias para preservar o ambiente: “O processo de produção do EcoGreen Power emite menos 99,75% de gases poluentes em comparação com o combustível fóssil de refinaria, o que faz deste um fuel mais limpo para gerar energia para a produção industrial. Como resultado, essa indústria torna-se também ela mais sustentável”. Também, a recuperação e o processamento de resíduos são um contributo para o reforço da economia circular: “A vida útil dos resíduos é prolongada e valorizada pela sua transformação em matéria-prima, fundamental à produção industrial”. Ao mesmo tempo, “estamos a tratar as águas contaminadas, devolvendo-as livres de substâncias tóxicas ao ambiente e evitando o seu descarte incorreto e poluente em alto-mar”, sustenta.
A prova da viabilidade deste combustível assenta na certificação que já lhe foi atribuído, através de uma auditoria realizada pelo ISCC, onde obtiveram o selo ISCC Plus: “Na auditoria, foi possível avaliar as emissões de CO2 do processo de produção do nosso fuel, concluindo-se que produz menos 99,75% de gases poluentes em comparação com o combustível fóssil alternativo”, afirma.
Enquanto contributo para a indústria, o EcoGreen Power é aplicado em múltiplos setores, desde a indústria alimentar (produção de lacticínios) até ao têxtil, apresentando um “rendimento 4% superior a um combustível”, refere Nuno Matos, citando os resultados de um estudo realizado por uma entidade independente a pedido de um dos clientes da Eco-Oil: “Os resultados apresentados na utilização deste fuel sustentável são bastante positivos e animadores no sentido de manter um bom desempenho na indústria, enquanto reduz exponencialmente a pegada carbónica do processo industrial”.
No que se refere a balanços, o responsável refere, em 2021, foram reciclados 99% dos resíduos recolhidos na Eco-Oil: “Na prática, isto significa que, de tudo o que foi recolhido na Eco-Oil, só 1% de resíduos, na forma de lamas desidratadas, foi enviado para aterro. O restante ou foi devolvido ao meio hídrico na forma de água tratada ou transformado em EcoGreen Power”. Tão importante, é que, a utilização do EcoGreen power, em detrimento de um combustível de refinaria, evitou a emissão “96 mil toneladas de CO2”, sem comprometer o desempenho da indústria: “Neste caminho para a transição energética, cada emissão a menos de GEE é relevante e o EcoGreen Power está a contribuir de forma ativa para a descarbonização da indústria, através da produção de energia sustentável num contexto de economia circular”, sustenta.
Para o futuro, a Eco-Oil deseja que o EcoGreen Power continue a contribuir para reduzir as emissões na indústria, auxiliando a transição energética e respondendo às metas ambiciosas definidas pela União Europeia para as próximas décadas: “Hoje, na Eco-Oil temos capacidade para processar cerca de 370 mil toneladas de resíduos, colocando a nossa fábrica no top cinco europeu”. O responsável defende a necessidade de se “promover energias alternativas e sustentáveis para a atividade industrial” através da “contabilização diferenciada das suas emissões ao nível do Comércio Europeu de Licenças de Emissão (CELE)”, permitindo que “os utilizados possam registar a redução específica certificada pelo ISCC para o EcoGreen Power, e contribuindo para acelerar a descarbonização da produção industrial”, tornando, assim, os produtos criados mais sustentáveis. Nesta ordem de ideias, Nuno Matos considera que a missão das empresas deve passar, cada vez mais, pela “revisão dos seus processos” com vista a torná-los mais sustentáveis, sendo este o sentido que a Eco-Oil, continua a trabalhar, “produzindo um fuel sustentável e que auxilie a transição energética da indústria”, remata.