#Ecogestus: Os Ecocentros na Gestão de Resíduos

Autoria: Ecogestus

Um sistema integrado de gestão de resíduos precisa de um ecocentro, um espaço controlado de deposição de resíduos de maiores dimensões e outros que pela sua natureza não devem ser colocados nos contentores e ecopontos. Os espanhóis chamam-lhe “Puntos Limpios” (nem precisa de tradução…), os alemães “Recylinghof ou Wertstoffhof” (centro de reciclagem/valorização) e os franceses “Dechtérie” (vazadouro, literalmente), dando a estes equipamentos um certo toque cultural, sendo até reveladores da forma como os diferentes países encaram os resíduos volumosos, alvo principal de deposição no ecocentro.

O país precisa de investir em ecocentros, modelando-os de acordo com o que se faz de melhor a nível europeu. Por exemplo, na Eslovénia é comum os ecocentros terem uma loja/armazém de objetos usados que são entregues e vendidos a preços reduzidos. Neste processo, recuperação, limpeza e venda destes objetos, utilizam-se parcerias com associações de apoio a pessoas que precisam de ser integradas no mercado de trabalho. A economia social associada a uma transição para uma economia circular contribuindo para que o espaço ecocentro seja atrativo e não apenas como um lugar de deposição de lixo.

Em Portugal, há vários municípios que recolhem quantidades significativas de resíduos em ecocentros. E há outros cujos ecocentros estão quase às moscas. A diferença está na qualidade operacional do equipamento, na sua localização, mais ou menos central, visibilidade, facilidade de deposição e o próprio conhecimento da população e do setor comercial sobre as valências e função do ecocentro.

Outro fator importante na dinamização do ecocentro é a sua relação com o setor não doméstico. Muitas vezes são muitas as barreiras colocadas às pequenas empresas, que têm necessidade de colocar os resíduos, equiparados a urbanos, desde materiais de construção até resíduos verdes de jardim. Por vezes as soluções não existem ou são distantes e caras, sendo o ecocentro municipal a alternativa mais eficaz.

Deveríamos aprender com os países do centro da Europa, mais pragmáticos, menos burocráticos e permitir um acesso mais fácil e abrangente.

*Este artigo foi incluído na edição 97 da Ambiente Magazine