A Associação Portuguesa dos Recursos Hídricos (APRH) colocou em marcha o projeto ECH2O-Água, com vista à adoção de práticas de consumo responsável e uso mais eficiente da água.
Ao longo de 18 meses o projeto irá constituir e mobilizar diferentes comunidades “experimentais”, em ambiente residencial, escolar e profissional, para a importância do uso sustentável da água “quer para o ambiente, quer para a mitigação dos efeitos das alterações climáticas e, até mesmo, para a redução da fatura da água”, referiu Ana Estevão, gestora do ECH2O-Água.
Entre as “Comunidades Experimentais” encontram-se Escolas (do 1.º, 2.º e 3.º Ciclos e Secundárias), Centros Comunitários, Centros de Dia, a Gulbenkian e o LNEC – Laboratório Nacional de Engenharia Civil, além de diversas famílias, dos concelhos de Lisboa e do Barreiro, esperando-se abranger mais de 6.000 pessoas.
Estas comunidades vão, posteriormente, testar dispositivos de redução de caudal instalados em torneiras e, sempre que possível, em autoclismos e chuveiros. Será feita uma análise da evolução mensal e uma estimativa aproximada dos valores de água consumidos de forma a calcular a respetiva Pegada Hídrica de cada comunidade. Esta avaliação está a cargo do Instituto Superior de Engenharia da Universidade do Algarve.
Nas escolas, as crianças e jovens acompanham a equipa na medição dos valores da água usualmente consumidos, constituindo essa atividade o pretexto para promover uma maior sensibilização dos consumos e da sustentabilidade. A APRH disponibiliza um kit com sacola, t-shirt, cantil e bloco de notas para os estudantes “apontarem aquilo que vão vendo” nesses momentos e que depois partilham com os seus colegas de turma.
Finalmente, serão divulgados os resultados do projeto e cada Comunidade Experimental receberá, a título simbólico, uma placa alusiva à participação a referir que “esta comunidade tomou consciência da sua pegada hídrica”.
Na página do projeto encontram-se inquéritos sobre o uso da água no dia-a-dia que possibilitam o conhecimento aproximado dos valores consumidos, através de estimativas em função dos hábitos de consumo direto e indireto de água. No âmbito da parceria com a Universidade do Algarve, está a ser também desenvolvida uma aplicação para smartphones e tablets.
Políticas públicas para combater a escassez de água
Susana Neto, presidente da APRH, garante que o projeto “não deixa de exigir que haja políticas públicas para combater a escassez da água”. “As questões da água no mundo vão-se resolver com políticas públicas muito claras e corajosas. Nós todos vamos tomando atitudes mais conscientes mas não estamos aqui a inocentar os Governos”, assegura.
A ideia é “levar a estas realidades, a estas rotinas diárias, mecanismos para que as pessoas se apercebam de quanta água estão a consumir e de quanta água, efetivamente, necessitavam de consumir”, mantendo o nível de conforto e poupando a água que não lhes acrescenta qualidade de vida, refere Manuela Silva, coordenadora da parceria com a Universidade do Algarve para a avaliação da Pegada Hídrica.
A responsável por esta dimensão do projeto refere, em termos indicativos, que cerca de 90% da água que se consome diariamente corresponde à chamada “água virtual”, ou seja, ao uso indireto da água na alimentação, vestuário, entre outros. Refere ainda que, segundo um dos fundadores do conceito da Pegada Hídrica, se prevê que, face ao crescimento demográfico, para manter água suficiente para toda a população da Terra, seria necessário que cada um de nós poupasse cerca de 700 litros de água por dia.
O ECH2O-Água é co-financiado pela União Europeia e pelo Camões, I.P. no âmbito do NoPlanetB/AMI. O projeto conta com a parceria da Câmara Municipal de Lisboa, Câmara Municipal do Barreiro, Fundação Calouste Gulbenkian, EPAL, LNEC, Lis-Water, Juntas de Freguesia do Lumiar, Olivais e Alvalade, Santa Casa de Misericórdia de Lisboa – Centro Comunitário de Telheiras, Associação Nacional para a Qualidade nas Instalações Prediais (ANQIP) e com o Instituto Superior de Engenharia da Universidade do Algarve, especificamente para aplicação da metodologia de avaliação da pegada hídrica.