“(É) urgente e necessária uma alteração do paradigma que caracteriza o setor” da construção
Os edifícios representam 33% do consumo mundial de energia e 39% das emissões de CO2 (dióxido de carbono). A construção é, assim, um dos setores com mais impacto no meio ambiente. Descarbonizar o setor nunca foi tão urgente. Estes alertas são de Aline Guerreiro, CEO do Portal da Construção Sustentável, que reiterou que o processo de descarbonização é exigente e implica um “importante esforço na transição para um modelo de construção mais sustentável”, algo que só será alcançado com a “promoção da reabilitação e adaptação dos edifícios existentes para serem mais eficientes”, como também o “investimento em tecnologia e materiais mais sustentáveis”.
A responsável falou esta segunda-feira, 9 de maio, no VII Encuentro Internacional de Tecnologías Ambientales, promovido pela APEMETA – Associação Portuguesa De Empresas De Tecnologias Ambientais, e relembrou que a descarbonização requer a transição para um processo estrutural: “Descarbonizar o setor da construção também se refere às emissões incorporadas nos materiais utilizados e à necessidade de manutenção ao longo do seu ciclo de vida”. Por isso, “é imperativo que os materiais utilizados cumpram critérios e requisitos de sustentabilidade. É urgente proibir os derivados de petróleo e optar por produtos com base natural e reciclável com o mesmo fim”. Aliás, “o setor da construção está em terceiro lugar no consumo de materiais derivados do petróleo”, alerta.
No entender de Aline Guerreiro, a descarbonização do setor começa na seleção de materiais mais sustentáveis, sendo precisamente essa a base do Portal da Construção Sustentável que, desde 2010, trabalha numa base de dados, disponível para consulta, com as várias categorias de produtos que podem contribuir para o desenvolvimento sustentável do setor da construção. Mais tarde, através de um Fundo Europeu para o Ambiente, foi lançada uma candidatura que deu origem à criação do rótulo ecológico “Sustainable Value” para os materiais de construção com base na ISO (“International Organization for Standardization”): “(Trata-se de) uma norma internacional que avalia determinado material de construção quanto a sua sustentabilidade e que permite comprovar que o produto ou sistema cumpre com os requisitos”. Neste âmbito, existem 10 critérios para avaliar cada um desses produtos: “consumo de recursos; reutilização e reciclagem do material; emissões de CO2; extração de matérias-primas; composição do produto; energia incorporada; origem do produto; inofensivo para a saúde humana; durabilidade; e se o projeto tem uma certificação credível em termos ambientais”, enumerou.
A CEO do Portal da Construção Sustentável considerou também este rótulo como sendo de grande importância, até porque é patenteado a nível europeu e foi adotado pelo Fundo Ambiental. A isso, soma-se o facto de, como tem base em ISO, melhora a imagem do produto e permite o acesso a outros mercados e um melhor relacionamento com os clientes, resultando no aumento da satisfação.
Assim, Aline Guerreiro parece não ter dúvidas sobre a urgente e necessária alteração do paradigma que caracteriza o setor: “É necessária uma transição para um setor mais amigo do ambiente e para uma indústria que consuma menos matéria-prima virgem”. Para tal, a utilização de “materiais mais duráveis e com menos energia incorporada”, bem como de “materiais reutilizáveis” e “naturais”, devem ser uma aposta central do setor, remata.
Leia mais aqui: