A E-REDES, principal operador da rede de distribuição de energia elétrica em Portugal Continental das redes de alta, média e baixa tensão, tem em curso uma série de projetos para o próximo ano, enquadrados na abordagem ESG através da Estratégia de Sustentabilidade 2021-2025.
A E-REDES conta com um conjunto de projetos de âmbito ambiental para 2025, que respondem aos vários compromissos assumidos em três vertentes prioritárias: economia circular, biodiversidade e avaliação ambiental.
Na vertente circular, destaca-se o projeto E-Redondo, que pretende potenciar a circularidade na gestão de ativos e equipamentos da rede de distribuição e na sua cadeia de fornecimento. A primeira fase decorreu em 2023 e teve como objetivo elaborar um diagnóstico de circularidade, com a parceria da Capgemini. Decorre desde maio deste ano uma segunda fase, com impacto em Portugal e Espanha, cujo desenvolvimento e concretização das mais de 20 iniciativas devem ficar concluídos em maio de 2026.
Na dimensão da biodiversidade, a E-REDES está a desenvolver três projetos LIFE, o protocolo Avifauna, os projetos do Baseline de biodiversidade e serviços de ecossistemas, e a quantificação de carbono para espécies compatíveis, estes dois últimos relativos às faixas de gestão de combustível associadas à rede de distribuição.
Os projetos LIFE são cofinanciados pela Comissão Europeia e dedicados à proteção da avifauna, com o objetivo de reduzir a mortalidade, por colisão e/ou eletrocução, das espécies de aves ameaçadas através da correção de mais de 350 km de linhas elétricas de distribuição e da colocação de caixas ninho em Zonas de Proteção Especial ou na sua envolvente, bem como pela instalação de plataformas para ninhos.
Neste âmbito, a E-REDES conta com diferentes parceiros para o desenvolvimento das ações de conservação a implementar relacionadas com a rede elétrica. Na LXAquila, que se iniciou em setembro de 2020 e deverá ficar concluída em setembro de 2025, as parcerias são com a SPEA, as Câmaras Municipais de Alenquer, Loures, Sintra e Torres Vedras, GNR, ICNF, Parques de Sintra, SEOBirdLife e Tapada Nacional de Mafra. Já no PowerLines4Birds, em Portugal e Espanha, que começou em novembro de 2022 e terminará em abril de 2027, foram concretizadas parcerias com a LPN, SPEA, Quercus e SEOBirdLife. Por fim, na ação SafeLines4Birds, que se iniciou em janeiro de 2023 e ficará terminada em dezembro de 2027, a E-REDES tem como parceiros a LPO, SPEA, e operadores de rede como a ENEDIS, ELIA, envolvendo Portugal, Espanha, França e Bélgica.
No âmbito da proteção da avifauna, a E-REDES mantém uma parceria de longa data com a SPEA, LPN, Quercus e ICNF, através dos protocolos Avifauna desde 2003. O Protocolo Avifauna X, que se prolonga até 2027, atua na promoção de soluções de proteção da avifauna para a minimização do impacto das linhas elétricas aéreas em espécies de aves com estatuto de conservação elevado, em Portugal Continental.
Ainda nesta área, a E-REDES é parceira do CoLAB ForestWise desde 2021 para a operacionalização do conceito de ocupações compatíveis no âmbito das obrigações legais relacionadas com a faixa de gestão de combustível (FGC). A procura de soluções que permitam um retorno eficiente do investimento e uma coexistência mais integrada das linhas elétricas com a floresta evoluiu através do desenvolvimento do projeto Vega4Nature em três fases: uma primeira fase, já concluída, diz respeito às ocupações compatíveis nas FGC e apoio à seleção de espécies; também terminada está a segunda fase, relativa ao Dashboard, modelos operacionais de gestão e exemplos práticos de ocupações compatíveis; a terceira e última fase, que se iniciou em maio de 2024 e terminará em março de 2025, prende-se com a quantificação dos stocks de carbono em espécies indicadas para ocupações compatíveis e visa maximizar o potencial sequestro de carbono das florestas e dos sistemas agroflorestais portugueses, através da gestão integrada da vegetação nas FGC da rede elétrica de distribuição.
Por outro lado, as crescentes exigências de uma transição ecológica são a motivação para a elaboração de uma linha de base de suporte à gestão integrada da vegetação, um projeto iniciado em março de 2024, com duração prevista até fevereiro de 2025. O objetivo é construir um baseline, através da produção de cartografia de habitats e de espécies, definição de indicadores e identificação de área prioritárias para a implementação e monitorização de medidas de mitigação nas FGC, visando a aplicação de modelos e intervenções compatíveis de gestão de combustível. Trata-se de um projeto com atuação em Portugal Continental, que conta com a parceria da S317 Consulting e do CE3C – Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.
A E-REDES participa ainda na iniciativa Act4Nature Portugal, promovida pelo BCSD Portugal, e no grupo de trabalho da Gestão Integrada da Vegetação promovido pela Renewables Grid Initiative, que recentemente publicou um guia de boas práticas com estudos de caso de 14 operadores de rede europeus em diferentes fases.
Por fim, na componente de avaliação ambiental, há ainda a destacar a elaboração da Avaliação Ambiental Estratégica do Plano de Desenvolvimento e Investimento da Rede de Distribuição para 2026-2030 (PDIRD-E 2024), uma parceria com o Instituto para a Construção Sustentável da FEUP. A fase preliminar teve início em janeiro de 2024 e atualmente decorre a fase de consulta, seguindo-se a análise de pareceres e comentários passíveis de integrar na versão final do plano, a aprovar no final do primeiro semestre de 2025. Este é um projeto de identificação dos principais constrangimentos ambientais (biodiversidade, clima, recursos hídricos, entre outros), da viabilização dos investimentos incluídos na proposta de Plano e da definição de projetos traçados onde se avaliaram as prováveis dificuldades à criação das novas ligações ou subestações e à modificação de traçado de linhas existentes e a identificação de soluções de compatibilização de traçados em fase de projeto para potenciar a análise de licenciamentos. Neste sentido, a E-REDES está a desenvolver um guia de boas práticas de avaliação ambiental para suporte à definição de projeto e licenciamento de infraestruturas elétricas de distribuição.
Objetivos e desafios para 2025
Como empresa de referência, a E-REDES está comprometida com a viabilização do Plano Nacional de Energia e Clima e a Transição Energética e, para isso, considera essencial dimensionar a Rede Nacional de Distribuição, para que seja possível integrar renováveis, autoconsumo, mobilidade elétrica e consumidores eletrointensivos. Nesse sentido, o operador de rede de distribuição atua como agente proativo e facilitador da transição energética, agilizando processos de ligação à rede e apostando na melhoria da infraestrutura e na disponibilização de informação aos clientes.
Além disso, aposta na necessidade de investir na segurança e no futuro da organização e das suas pessoas, bem como de assegurar a confiança e inovação dos seus parceiros, garantindo que, em conjunto, estão na linha da frente da inovação.
Para a E-REDES, o principal desafio do setor é garantir a criação e implementação de mecanismos instrumentais e legais que permitam uma eficaz aceleração da transição energética. Na Europa, a publicação do plano de ação para as Redes, em novembro de 2023, bem como a recente revisão da diretiva RED III, determinam a relevância das redes como elemento central e facilitador desta transição.
Por outro lado, a transição energética, baseada na substituição de energias fósseis por renováveis, maior eficiência e eletrificação dos consumos, é um objetivo consensual, apoiado por políticas energéticas ambiciosas. Esta transformação do sistema elétrico é essencial para descarbonizar a economia, considera a E-REDES. As redes elétricas ganham importância à medida que a eletricidade se torna central nos sistemas energéticos, exigindo preparação e adaptação para integrar energias renováveis e responder à complexidade crescente. Para o operador, liderar esta transição requer uma estratégia urgente de investimento na modernização, expansão, resiliência e digitalização das redes elétricas, acompanhando o crescimento das tecnologias de energia verde e da mobilidade elétrica. Um sistema elétrico descarbonizado, descentralizado e digitalizado, com redes inteligentes e flexíveis, é crucial para integrar a produção renovável descentralizada, mantendo a qualidade e segurança do fornecimento de eletricidade.
Em Portugal, o alcance das metas definidas no RNC 2050 e no PNEC 2030 constituem uma prioridade, onde o PDIRD-E 2026 – 2030 com natureza de programa setorial poderá alavancar e agilizar o cumprimento dos objetivos definidos.
*Este texto foi publicado na edição 108 da Ambiente Magazine