O mercado de iluminação pública (IP) é muito disperso a nível mundial, não facilitando comparativos, mas a verdade é que a E-REDES é atualmente o maior player europeu em termos de parque de IP, com quase três milhões de luminárias e é responsável por cerca de 85% do parque de iluminação pública em Portugal Continental. Esta dimensão “traz benefícios de escala e inovação ao nosso país”, confirma Luís Tiago Ferreira, responsável pela área de Smart Cities na E-REDES. E, de acordo com um relatório de 2021 do Joint Research Center da Comissão Europeia, Portugal encontra-se “em linha ou mais avançado do que outros países europeus”, aponta. Além disso, o responsável indica que, em contactos com os pares europeus com responsabilidades semelhantes na IP, “notamos que estamos relativamente avançados, não só em termos de penetração LED, mas também na digitalização do serviço e inovação”.
O investimento da E-REDES em IP tem sido significativo, desde a transição para o LED à introdução da telegestão e do controlo remoto, passando ainda pela preparação da utilização da infraestrutura para serviços de cidades inteligentes.
Assim, em 2016, a empresa arrancou com uma campanha de investimento anual na transição para o LED, que pode reduzir o consumo de IP em mais de 70%, em alguns casos. Neste momento, a empresa está a instalar um pouco mais de 200k LED por ano, num investimento anual superior a 20 milhões de euros. O objetivo, refere Luís Tiago Ferreira, é “chegar a 2027 com 100% do nosso parque de iluminação pública convertido para LED”. No final desta transição para 100% LED, a E-REDES prevê uma poupança anual de 100 milhões de euros na fatura dos municípios, em comparação com a situação pré-LED. E o responsável pela área de Smart Cities da empresa adianta que, atualmente, mais de metade desta poupança já se concretizou pois “estamos já acima de 55% de penetração LED no parque de IP”. Além disso, outra vantagem será a redução da pegada de carbono, com menos 140 mil toneladas de emissões de CO2, um valor fulcral para uma transição energética efetiva.
No que diz respeito à relação com os municípios, que no caso da E-REDES são 278, e sendo eles os responsáveis pela gestão dos horários da iluminação pública, Luís Tiago Ferreira recorda que “temos vindo a investir fortemente em melhorar o nosso serviço, otimizar a experiência e aumentar a transparência”. Deste modo, os municípios podem já interagir com a E-REDES de forma totalmente digital, com possibilidade de monitorizar e gerir todos os temas relacionados com a IP e outros serviços através do “Portal das Autarquias”. As ferramentas digitais permitem assim desburocratizar as relações e a manutenção do circuito de iluminação, facilitando a relação entre autarquias e a E-REDES.
Além da transição para o LED, a E-REDES fez, e continua a fazer, outros investimentos avultados com a missão de apoiar a transição energética. É o caso, por exemplo, da telegestão, uma tendência nova que permite uma gestão individual de cada ponto de IP, melhorando assim a gestão de cada município. Recorde-se que, até há bem pouco tempo, quando um município necessitava de alterar os horários da sua IP, tinha de deslocar equipas ao terreno, a todos os circuitos, para proceder a essa alteração. Em 2023, a E-REDES concluiu o investimento em controlo remoto para todos os circuitos IP, permitindo que qualquer município proceda hoje a esse pedido de forma digital, e aplicando-o remotamente. Uma capacidade que “traz um potencial acrescido para regular os horários de funcionamento da IP com maior frequência e granularidade”, salienta o responsável. Além disso, a empresa tem vindo a testar, através de pilotos de pequena escala pelo país, e a começar a disponibilizar tecnologias de telegestão ponto-a-ponto que permitem regular o fluxo luminoso de cada luminária, com maior potencial de qualidade de serviço, poupanças e redução de poluição luminosa.
Por fim, a plataforma de gestão integrada da IP é outro investimento da E-REDES que vai alterar o atual paradigma da gestão da iluminação pública, trazendo benefícios aos vários stakeholders envolvidos. O gestor lembra que esta nova plataforma de gestão da iluminação pública “dará ainda um maior impulso a esta tendência de gestão autónoma e automática da IP”. Esta plataforma possibilitará a interação direta com a iluminação e as autarquias serão incluídas na operação de IP através de funcionalidades/autonomia no controlo da IP. Será ainda uma ferramenta única de supervisão e controlo de todo o parque de IP concessionado à E-REDES.
Resumindo, são investimentos que têm como objetivo melhorar os serviços da empresa, antecipar potenciais anomalias, diminuir o tempo de resposta a pedidos e melhorar a qualidade da iluminação pública oferecida.
Mas a E-REDES não se fica por aqui e promete novidades, até porque, conforme explica Luís Tiago Ferreira, “a iluminação pública é um domínio de inovação acelerada, não apenas na sua ligação às cidades inteligentes, mas também na sofisticação da sua gestão”. Beneficiando da sua própria escala, a empresa está assim a desenvolver algoritmos de inteligência artificial sobre os dados de consumo da IP para detetar, proactivamente, luminárias “prestes-a-falhar” e, assim, melhorar o seu serviço. Está também empenhada em permitir que a infraestrutura de IP possa ser utilizada para suportar outros serviços das cidades inteligentes, como por exemplo o carregamento de veículos elétricos. O responsável pela área de Smart Cities da E-REDES explica que a empresa tem já um piloto instalado com estas soluções e conta com um enquadramento que permite aos municípios e parceiros começar a aproveitar a IP para estes fins, com múltiplos benefícios em termos de custos, eficiência, tempo de instalação e utilização do espaço público.
*Publicado na edição 104 da Ambiente Magazine