Poucas são as dúvidas em relação à importância do setor da mobilidade, quer seja ao nível económico, quer seja ao nível da coesão social, sendo determinante para um país que se afirma como democrático. Da mesma forma, também são já “conhecidos e reconhecidos” os custos da relevância do setor: “Falamos de congestionamento nas cidades, da poluição atmosférica, sonora e das emissões de gases com efeito de estufa (CO2)”. Aliás, o setor dos transportes contribui com mais de um quarto das emissões de CO2 e, ao contrário de muitos outros, é o setor que mais tem aumentado essas mesmas emissões.
Este foi o ponto de partida para Eduardo Pinheiro, secretário de Estado da Mobilidade, alertar para a importância de se agir: “Já não é o momento de discutir as alterações climáticas, mas sim, o que fazer, como fazer e agir rapidamente”.
No webinar “Smart Cities: construindo cidades sustentáveis”, promovido pela Embaixada da Itália e pela Embaixada Britânica em Lisboa, em colaboração com a Câmara de Comércio Luso-Italiana e com a ICE (Agência para a promoção no exterior e a internacionalização das empresas italianas), Eduardo Pinheiro lembrou que é nas cidades que estão os maiores desafios: “Mas, é também nas cidades – centros urbanos – que podemos ganhar o desafio das alterações climáticas”.
E quando o tema são os transportes, o secretário de Estado da Mobilidade é perentório, alertando para a “clara” necessidade de se ver o sistema como um todo: “Só conseguiremos alcançar estes objetivos, se contarmos com a totalidade dos modos de transportes”. Isto é, a promoção de “meio mais limpos”, nomeadamente, a “eletrificação das frotas”, a “utilização dos modos ativos”, sejam os “modos cicláveis”, sejam os “modos pedonais”.
Mas, é o transporte público a “espinha dorsal” de todo o sistema. Eduardo Pinheiro lembra que, durante alguns anos, os transportes públicos foram vistos como os menos prioritários (em muitos países): “E, no caso de Portugal, foi mesmo visto com um fardo”. No entanto, nos últimos anos a situação inverteu-se: “Temos estado a recuperar um caminho que é determinante para atingir os objetivos do ponto de vista ambiental, económico e social”. E a prova disso é a aposta que tem sido feita na expansão dos modos mais pesados (comboios, metros e autocarros): “Estamos a investir quatro vezes mais do que aquilo que foi feito na década anterior”. “
Mesmo com as dificuldades trazidas pela Covid-19 que, originou uma redução de 80% na utilização de transporte público, o secretário de Estado da Mobilidade está otimista quanto ao futuro: “Portugal está claramente empenhado”.
Ainda assim, Eduardo Pinheiro lembra que no tema “alterações climáticas”, as “divisões administrativas têm muito pouca importância”, destacando a importância da cooperação entre países, como é o caso de Itália e Reino Unidos: “Temos de pesar de forma global e agir localmente, mas sempre nesta partilha de cooperação de países”.