Foi apresentado, esta quinta-feira, a sessão pública do “Guia para uma gestão circular de resíduos”. Elaborado pela Resíduos Nordeste, no âmbito do Projeto “Educar para uma Economia Circular”. Este documento permitirá perceber o que é necessário criar e alterar para incorporar a Economia Circular na sociedade com um foco no desenvolvimento dos novos modelos de gestão resíduos.
Inês dos Santos Costa, secretária de Estado do Ambiente, que marcou presença na sessão, começou por lembrar que o percurso da economia circular já é longo em Portugal, destacando mesmo que, nos últimos quatro anos, o trabalho tem sido excecional: “Por cá ou na Europa ainda ninguém falava a sério da economia circular e daquilo que ela significa no contexto de um caminho para uma descarbonização e para uma neutralidade carbónica da economia”.
Perante desafios como os que a pandemia da Covid-19 coloca e, sendo o “abrandamento do crescimento económico” um deles, a responsável considera que é “demasiado fácil cair em velhos hábitos”, como por exemplo, “eliminar ou evitar os famosos custos de contexto” ou mesmo “incentivar o consumo” e “promover o uso e o abuso de materiais”. Para tal, “é importante não esquecer aquilo que nos motivou em primeiro lugar”, declara, destacando aquele que foi o “desenho do modelo de desenvolvimento económico” nos últimos 80 anos: “Deu-nos muito. Crescemos em riqueza, melhoramos as condições de saúde e educação e tiramos milhares da pobreza.”
Mas, de acordo com a secretária de Estado do Ambiente, o que “antes não parecia ser óbvio”, como a “relação entre os problemas no nosso sistema natural” e as “nossas decisões de desenvolvimento económico”, passou agora ser “óbvio”. E o facto é que a “ausência das necessárias correções ao longo desse caminho”, está agora a “ameaçar” tais conquistas: “Vivemos hoje uma crise de saúde global, uma perda de biodiversidade de enormes proporções, um acentuar desigualdades, uma corrida a materiais críticos, um desperdício sem precedentes e alterações climáticas cujos impactos serão maiores e permanentes.”
Face a este cenário, “desistir” não pode ser o caminho: “Se desenhamos este modelo significa que o podemos redesenhar. E a próxima década será fundamental para o fazer”, sublinha.
[blockquote style=”2″]O setor tem que se reinventar[/blockquote]
No que diz respeito aos materiais e à sua gestão, Inês dos Santos Costa não tem dúvidas de que há muito por fazer: “Não bastará pegar nas pontas do sistema e unir, como também, não bastará falar de reciclagem”. É preciso mesmo melhorar: “Reduzir a produção de resíduos; Reutilizar os produtos e os materiais; e Reciclar os materiais”, vinca. E os “fundos europeus” e o apoio que será dado à área é uma “oportunidade” que para a responsável não pode ser desperdiçada: “Não podemos atender ao curto-prazo e esquecer o longo-prazo”. Para além de tudo aquilo que é preciso fazer, como “separar os materiais cada vez mais perto do cidadão”, investir em “tecnologias de valorização” ou “diminuir a colocação de resíduos em aterro”, a secretária do Estado de Ambiente considera que é preciso pensar fora da caixa: “O setor tem que se reinventar. Há um transformação em curso obrigatória”.
O Roteiro para Neutralidade Carbónica é claro: “Precisamos de reduzir a produção de resíduos per capita”. Para tal, a responsável chama atenção para a necessidade de “sermos mais ambiciosos” e “perturbadores” no “planeamento de gestão” de recursos, “concentrarmo-nos em 2030” e aproveitar a “oportunidade do POSEUR”.
Como nota final, a Inês dos Santos Costa quis deixar uma mensagem: “A gestão de resíduos como a conhecemos tem que ficar para trás”. E para isso: “Temos que desejar uma vida longa à gestão de recursos e uma vida longa à economia circular”, remata.