A associação ambientalista Quercus alerta seria fundamental que o Ministério do Ambiente promovesse uma campanha de inspeção aos areeiros e pedreiras que se encontram em fase de recuperação paisagística, preferencialmente em articulação com o Serviço de Proteção da Natureza, com as respetivas Comissões de Coordenação de Desenvolvimento Regional, indica o Sol. O objetivo deverá que sejam identificados “os maus encaminhamentos (de resíduos) e atue como fator de alarme para estes espaços não receberem este tipo de resíduos”.
Os resíduos que são depositados em pedreiras e areeiros desativados que estão em processo de recuperação paisagística é um problema que assusta os ambientalistas. “É uma prática normal, mas isso não significa que seja adequado e, por questões financeiras, isso continua a ser feito em Portugal. Quando dizemos que erradicámos as lixeiras, não o fizemos na realidade, porque eles continuam a existir, só que escondidas”, avançou ao Sol, Carmen Lima, coordenadora do Centro de Informação de Resíduos da Quercus.
“Aquilo que acontece é que há várias situações em Portugal, distribuídas a nível nacional por estes areeiros e pedreiras em recuperação paisagística, que recebem de forma ilegal determinado tipo de resíduos. Aí são competitivos com os aterros, que estão licenciados, e serão futuras lixeiras do século XXI”, acrescentou. As pedreiras e areeiros nestas condições só deveriam receber resíduos de escavação não contaminados – que resultam de obras feitas em solos que não estão contaminados. À Quercus já chegaram denúncias de pedreiras e areeiros que recebem amianto sem qualquer acondicionamento.
Alerta a Quercus que as pedreiras em recuperação paisagista não necessitam de isolamento das células para deposição de resíduos, não tendo esta proteção, se for lá colocado outro tipo de materiais, “haverá o arrastamento direto dos lixiviados para os lençóis freáticos e para o solo”.
Considera a Quercus que, além de, por vezes os resíduos serem mal classificados na obra, também é muito mais barato encaminhar resíduos para pedreiras ou areeiros. E, como estes, “projetos de recuperação paisagística são fiscalizados pelas autarquias, e como estas têm recursos humanos limitados de fiscalização” acaba por ser muito difícil identificar todos os casos.
Considera a Associação que esta situação, “poderá contribuir para a perda de fertilidade do solo, uma vez que estes produtos químicos reduzem a fertilidade dos solos, e contribuirá igualmente para impactos na saúde, uma vez que provoca a contaminação dos aquíferos”.