Depois do “hygge”, conceito escandinavo sobre felicidade e bem-estar reconhecido mundialmente, a Noruega preparam-se para lançar outro candidato a Palavra do Ano: “Dugnad”, trabalho voluntário conjunto cujo um dos objetivos é eliminar o plástico das praias.
“Dugnad” pode ser explicado como o conceito norueguês para o trabalho voluntário realizado em conjunto e estende-se ao espírito dos noruegueses para trabalharem juntos na construção de uma comunidade melhor. É um hábito cultural profundamente enraizado e quando alguém decide morar na Noruega já sabe que vai participar no “dugnad” anual, na escola, no seu condomínio ou no clube desportivo. Ou seja, é um dever para com a comunidade e é levado muito a sério pelos noruegueses. O “dugnad” é visto como um momento de diversão. Além disso, está sempre associado a uma recompensa como um waffle ou snack.
Levar o “dugnad” para a praia
No âmbito da Coastal Clean-Up Week, na Noruega, um em cada 50 noruegueses vasculhou o litoral, equipado com sacos de lixo, com a missão de proteger o recurso mais importante: o oceano.
O dia anual de limpeza costeira é o resultado de um dever intrínseco aos noruegueses de protecção da sua essência durante séculos. Sendo um povo de marinheiros e pescadores há milhares de anos, as águas frias cristalinas ao longo da costa, juntamente com os abundantes recursos provenientes do mar, são a principal razão pela qual as pessoas vivem na Noruega.
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Acompanhando a tendência mundial, a preocupação da Noruega com os plásticos nos oceanos aumentou bastante no ano passado. Tudo começou quando uma baleia com o estômago cheio de sacos de plástico encalhou na costa oeste da Noruega. O espírito “dugnad” mais uma vez veio ao de cima e, este ano, a ONG Keep Norway Clean, que organiza o dia nacional de limpeza costeira, reporta resultados recorde.
“No ano passado quase 49.000 voluntários participaram na ação de limpeza ao longo da costa, rios e lagos”, afirma Lise Keilty Gulbransen, managing director da Keep Norway Clean. Este ano, inscreveram-se mais 75.000 voluntários.
Atenção dos media para os plásticos no oceano gera mudança
Uma pesquisa recente, conduzida pelo NSC – Norwegian Seafood Council, também descobriu que os noruegueses estão sensibilizados para reduzir a utilização de plástico no seu quotidiano. Mais de metade reportou que reduziu ou parou de utilizar plástico descartável como palhinhas, sacos de plástico e evitam produtos com excesso de plástico dos seus cestos de compras.
“Penso que estamos a assistir a uma mudança real no mundo. Os noruegueses são dependentes dos mares. A ideia de que em 2050 vai existir mais plástico do que peixes no oceano teve impacto na Noruega enquanto nação associada ao mar e as pessoas mobilizaram-se de forma impressionante para limpar as suas praias e repensar os seus próprios hábitos de consumo relacionados com o plástico”, afirma Renate Larsen, managing director do NSC.
Outro estudo, conduzido pela TNS Kantar, perguntou a mais de 1000 entrevistados de que forma a recente atenção dos media para os plásticos no oceano teve impacto no seu comportamento. Os resultados demonstram que as pessoas da faixa etária abaixo dos 30 são as que mais estão a mudar os seus comportamentos. “Mais de 60% dos jovens com menos de 30 anos afirmam que fizeram mudanças nas suas vidas resultantes do aumento do foco no plástico nos oceanos”, afirma Renate Larsen.