André Paula Santos, membro do European Biodiesel Board (EBB), que falava, esta quinta-feira, 28 de abril, na “Conferência – O Setor dos Biocombustíveis em Portugal”, promovida pela Associação Portuguesa de Produtores de Biocombustíveis (APPB), considera que no processo de transição de descarbonização dos transportes, “há espaço para todos”, constatando que a “eletrificação é fundamental para passageiros, mas também percebemos que a frota automóvel vai demorar 20 a 30 a fazer a transição (…) e – nesse espaço de tempo – os biocombustíveis são essenciais”. Por isso, “dizer que a eletrificação é a única solução é completamente errado”, afirma.
Apesar de ser de concordar que a eletrificação tem um “melhor uso” no setor os passageiros, o responsável refere que, nos países com menos de poder de compra, a contrário da Alemanha, Holanda ou Dinamarca, o processo de transição do parque automóvel vai ser mais demorado, pelo que, “haverá necessidade de descarbonizar os carros que vão continuar na estrada” durante muito tempo. No entender de André Paula Santos o “ritmo” é que vai nortear a descarbonização: “Temos de nos preparar para tal e, os biocombustíveis são, hoje, a maior fonte de descarbonização do setor dos transportes”.
Olhando aos biocombustíveis como uma “alternativa” face ao atual contexto de instabilidade, marcado pela pandemia e, agora, pela guerra na Ucrânia, e à necessidade da reindustrialização, o membro do EBB destaca a importância do biodiesel, sobretudo na redução da importação do diesel fóssil: “Por ano, a Europa compra 25 milhões toneladas de diesel à Rússia, mas esses 25 milhões seriam 40 milhões se não tivéssemos biodiesel”. Acresce que, por “cada tonelada de biodiesel produzido, produz-se uma tonelada de proteína animal”, significando que “não temos que comprar proteína à América Latina”, exemplifica. Portanto: “Há outras componentes de biocombustíveis que ajudam a Europa a melhorar a independência energética e de proteica que temos”.
Tendo a conjuntura da guerra como exemplo, André Paula Santos destaca um outro elemento de “nuance” que provam os benefícios dos biocombustíveis com alternativa eficaz: “Há 300 mil toneladas de óleo de girassol que já não estão vir da Ucrânia e a indústria, sem necessidade de intervenção Governativa, realocou óleos vegetais para o mercado alimentar”, de forma a “suprir a carência” devido à guerra. “Se não houvesse produção de biodiesel não havia esta possibilidade realocar óleos vegetais”, refere o responsável, constatando que, “quanto mais óleo vegetal tivermos na Europa, mais facilidade teremos de suprir as falhas e de o mercado se adaptar a estas situações conjunturais”.
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